Mundo

Mahmud Abbas quer ir ao Conselho de Segurança desafiando os Estados Unidos

Os EUA consideraram "ofensivo" o discurso de Abbas pedindo o fim da ocupação israelense e a independência do Estado da Palestina, e acusando Israel de genocídio e apartheid

Agência France-Presse
postado em 01/10/2014 10:57
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, decidiu ignorar as objeções americanos quanto a seus projetos diplomáticos sobre a ocupação israelense, considerando que as relações com Washington já estão tensas.

Os EUA consideraram
Abbas, que proferiu recentemente na Assembleia Geralda ONU em Nova York um discurso apaixonado, advertiu que não renunciará, apesar da oposição americana, a seu direito de acionar o Tribunal Penal Internacional, em caso de veto americano de uma futura resolução sobre o fim da ocupação israelense nos territórios palestinos.

"As relações com o governo americano são tensas", afirmou na terça-feira à noite a jornalistas na sede da Autoridade Palestina em Ramallah (Cisjordânia), chamando de "parcial" a reação americana a seu discurso nas Nações Unidas.

Os Estados Unidos consideraram "ofensivo" o discurso de Abbas pedindo o fim da ocupação israelense e a independência do Estado da Palestina, e acusando Israel de genocídio e apartheid. "A liderança palestina está sofrendo forte pressão para não comparecer ao Conselho de Segurança e aderir a organizações internacionais, a primeira dessas pressões refere-se à ajuda", declarou Abbas. Os palestinos recebem anualmente 700 milhões de dólares dos Estados Unidos, segundo o líder palestino.

[SAIBAMAIS]Abbas está em contato com alguns países para uma votação dentro de três semanas de em um projeto de resolução sobre a retirada de Israel dos territórios ocupados desde 1967 e da criação de um Estado palestino independente, cuja capital seria Jerusalém Oriental. "Também será necessário especificar um prazo para o fim da ocupação: um ano, dois anos, três...", acrescentou. "Queremos definir esse limite e assim retomaremos as negociações imediatamente", prometeu.


"Estamos determinados a continuar a luta política e não retomar qualquer negociação que não inclua um calendário para a realização dos nossos objetivos", disse ele.

Abbas reconheceu que não tem a garantia de obter os nove votos necessários para a análise de um projeto de resolução, e "se conseguirmos, é muito provável que os Estados Unidos apresentam o seu veto".

Neste caso, "vamos procurar as organizações internacionais e, em primeiro lugar, assinaremos o Estatuto de Roma para aderir ao Tribunal Penal Internacional (TPI)".

Ao mesmo tempo, "iremos examinar todos os acordos com Israel e a cooperação em matéria de segurança", disse ele.

Desde que obteve o status de país não-membro observador na ONU, em 2012, o Estado da Palestina ameaça aderir ao TPI, o que permitiria acusar líderes israelenses de crimes de guerra.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação