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Candidatos apoiados pelos partidos nacionalistas vencem eleição na Bósnia

Os resultados definitivos da votação serão anunciados nos próximos dez dias

Agência France-Presse
postado em 13/10/2014 15:40
Sarajevo - Os candidatos apoiados pelos principais partidos nacionalistas muçulmano, sérvio e croata venceram a eleição para a Presidência colegiada tripartite da Bósnia, após as eleições gerais de domingo, indicaram fontes oficiais. Com 90% dos votos apurados, o candidato do partido nacionalista muçulmano, Bakir Izetbegovic, foi eleito ao lado do líder croata Dragan Covic, apoiado pelos nacionalistas do HDZ BIH, segundo os resultados parciais.

Entre os sérvios, apesar do resultado apertado, o posto será atribuído ao nacionalista Mladen Ivanic, candidato de uma coalizão liderada pelos nacionalistas do SDS, ou a candidata do partido governista SNSD, Zeljka Cvijanovic. Quase 3,3 milhões de eleitores foram convocados às urnas para escolher os três membros da Presidência colegiada da Bósnia, que terão mandato de quatro anos. O Parlamento central do país também será renovado.

A Bósnia foi cenário de uma guerra entre as três principais comunidades de 1992 a 1995 que deixou cerca de 100.000 mortos. Além disso, os eleitores escolheram os representantes para as assembleias das duas entidades territoriais que formam a Bósnia desde o fim da guerra - a República Sérvia (RS) e a Federação Croata-Muçulmana. Os moradores da RS também votaram em seu próprio presidente.

Os resultados definitivos da votação serão anunciados nos próximos dez dias. Mas na RS, o presidente Milorad Dodik, que defende a separação e tenta o segundo mandato, lidera a votação com 11.000 votos de vantagem sobre o candidato opositor, com 85% dos votos apurados. O analista político Enver Kazaz considera que a eleição dos nacionalistas reflete a desilução do povo bósnio e não ajudará a solucionar os problemas internos. A abstenção de 46% também mostra o descontentamento de grande parte da população com o que consideram uma classe política corrupta e incompetente.

O desemprego chega a 44%, e em fevereiro ocorreram grandes protestos contra o governo por sua incapacidade de combater a corrupção e de realizar as reformas necessárias para que a Bósnia entre na União Europeia (UE). "Devido à ausência de um candidato competente e de uma oferta política séria, os cidadãos votaram por uma espécie de retorno aos anos noventa", disse Kazaz. "Estes nacionalistas, estes falsos moderados, não farão a guerra, mas não hesitarão em se envolver em disputas políticas" que prejudicam as perspectivas do país, considerou.



A União Europeia declarou, antes das eleições, que os bósnios devem pressionar seus representantes para que promovam "uma reconciliação necessária, combatam a diferença em relação às demais regiões e garantam progressos em direção à UE". "Ninguém pode comemorar nada neste país. Aqueles que receberam o maior número de votos serão colocados à prova", indicou o jornal Dnevni Avaz, de Sarajevo. "Se estes partidos não entenderem a seriedade da situação e a mensagem enviada pela população nos protestos de fevereiro, o que virá depois será muito mais violento", acrescentou.

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