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Alba se compromete a reforçar segurança e elaborar plano contra Ebola

"Concordamos em coordenar nossos esforços para prevenir e enfrentar a epidemia", disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro

Agência France-Presse
postado em 20/10/2014 17:46
Havana - Presidentes e ministros da Saúde de 12 países da América Latina e do Caribe se comprometeram nesta segunda-feira (20/10), em Havana, a reforçar a segurança nas fronteiras e elaborar um "plano de ação" contra o Ebola na região, no encerramento de uma cúpula "extraordinária" da Alba.

"Concordamos em coordenar nossos esforços para prevenir e enfrentar a epidemia", assim como para "reagir com prioridade às necessidades dos países irmãos do Caribe", disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao ler os acordos adotados na cúpula, que durou mais de duas horas e meia.

Os dirigentes aprovaram uma declaração de 23 pontos, entre os quais se destacam encarregar os ministros da Saúde da "elaboração de um plano de ação" contra o vírus, no mais tardar em 5 de novembro, e sua "aplicação imediata", de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OPS) e a Organização Pan-americana da Saúde (OMS), afirmou Maduro.

Para preparar o "plano de ação", será realizada em 29 e 30 de outubro, em Havana, uma "reunião técnica de especialistas em saúde da Alba", com a finalidade de trocar experiências e propor estratégias, acrescentou.

Os participantes também vão propor à Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), atualmente presidida pela Costa Rica, a promoção "de esforços regionais contra o Ebola". Além disso, foi estabelecido um reforço nas medidas de vigilância nas fronteiras, "em particular em portos e aeroportos", para detectar precocemente possíveis casos de infecção, afirmou Maduro.

O integrantes da Alba vão apoiar a formação de equipes especializadas de saúde nos países do bloco e do Caribe (que não fazem parte do bloco). Os participantes da reunião decidiram continuar colaborando com a África nos esforços contra a epidemia, que matou mais de 4.500 pessoas.

No discurso de inauguração da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), que reúne países com governos de esquerda na região, o presidente cubano, Raúl Castro, destacou a importância de se encarar o Ebola como um problema global.

"Uma terrível epidemia se propaga hoje pelos povos irmãos da África e ameaça a todos nós. Se esta ameaça não for contida na África Ocidental, pode se tornar uma das pandemias mais graves da História da Humanidade", disse Castro, pedindo que se evite a "politização" da epidemia e lembrando: "Pelas veias de nossa América, corre sangue africano".

Participaram do encontro em Cuba representantes dos nove países da Alba - Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Cuba, Antigua e Barbuda, Dominica, Santa Luzia e San Vicente e Granadinas-, além de Haiti, Granada e São Cristóvão e Nevis.

Também estiveram presentes a diretora da Organização Pan-americana da Saúde (OPS), Carissa Etienne, e David Nabarro, enviado especial do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Exemplo cubano

Durante a cúpula, o presidente cubano anunciou o envio de mais médicos de Cuba à Libéria e à Guiné na terça-feira (13/10). Eles se somarão aos 165 que viajaram para Serra Leoa em 1; de outubro.

"Amanhã (terça) partirão rumo à Guiné e à Libéria outras brigadas, cujas (forças) avançadas já estão nos dois países", afirmou o presidente.

Segundo fontes da ONU, 90 médicos e enfermeiros integrarão as novas ;brigadas;, com os quais Cuba terá mobilizado na África 255 profissionais dos 461 que prometeu à ONU e à OMS.

O presidente cubano disse que Havana está disposta a colaborar "com todos os países, inclusive os Estados Unidos" para conter a epidemia, ao reiterar algo já dito por seu irmão, Fidel Castro, no sábado. O pioneirismo de Cuba em enviar ajuda médica ao países afetados pelo Ebola rendeu, inclusive, elogios na imprensa americana.

O jornal The New York Times elogiou nesta segunda-feira (20/10) a impressionante contribuição da ilha no combate à epidemia e pediu que o presidente Barack Obama aproveite a oportunidade para normalizar as relações com Havana.



[SAIBAMAIS]"A impressionante contribuição de Cuba na luta contra o Ebola" é o título da matéria, lembrando os médicos e enfermeiros cubanos enviados aos países africanos castigados pela epidemia, apesar de seus limitados recursos. "A iniciativa do governo cubano, sem dúvida, faz parte de seus esforços por melhorar seu status no cenário mundial, mas deve ser aplaudida e imitada", acrescentou o jornal.

A ajuda é bem-vinda. Segundo os últimos dados da OMS, divulgados na sexta-feira (17/10) passada, a atual epidemia de Ebola já matou 4.555 de um total de 9.216 casos registrados em sete países, a maioria no oeste da África.

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