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Auxiliar de enfermagem espanhola infectada com ebola é curada da doença

Médico do hospital Carlos III garantiu que "os pacientes com Ebola podem ficar totalmente curados e levar uma vida normal"

Agência France-Presse
postado em 21/10/2014 13:53
Madri - A auxiliar de enfermagem espanhola, Teresa Romero, o primeiro caso de infecção por Ebola fora da África, venceu a doença, despertando maior otimismo no Ocidente, depois do anúncio de que duas enfermeiras infectadas permanecem estáveis.

Na África, no entanto, a doença continua causando estragos e a Organização Mundial da Saúde (OMS) adverte que pode haver mais casos além dos oficialmente contabilizados.

Na Espanha, após quinze dias internada, Romero teve resultado negativo no quarto exame consecutivo de Ebola, razão pela qual "os médicos que a atenderam consideram que foram cumpridos os critérios de cura do vírus Ebola estabelecidos pela OMS", disse o chefe da unidade de doenças infecciosas do hospital Carlos III de Madri, José Ramón Arribas.

Romero venceu a doença, mas "embora este fato seja extraordinariamente positivo, a recuperação completa da saúde de alguém que teve uma infecção grave pode demorar alguns dias", acrescentou Arribas.

O médico parecia afirmar, assim, que a enfermeira ainda terá que se recuperar dos danos sofridos em alguns de seus órgãos, ainda que, segundo dizia recentemente um porta-voz da família, estão "bastante recuperados".

;Algo extraordinário;

O apelo à prudência, no entanto, não abala a alegria com a cura de Romero, de 44 anos, que deu entrada em 6 de outubro, embora tenha apresentado os sintomas da doença em 29 de setembro e passado dias críticos em 9 e 10 de outubro.

"Alguém sobreviver ao vírus Ebola sempre é algo para ser comemorado, é algo extraordinário", disse a doutora Marta Arsuaga, da Unidade de Medicina Tropical.

Entre os tratamentos utilizados, a paciente recebeu soro elaborado com plasma da religiosa Paciencia Melgar, que se curou da doença na África.

Os médicos não confirmaram se Romero se tornará doadora para elaborar um soro que possa ser usado em outros doentes, "mas em nenhum caso a doação é tão imediata quando ainda está convalescente".

A enfermeira espanhola se contaminou quando atendia o segundo dos dois missionários espanhóis repatriados da África infectados com o vírus e que morreram em 12 de agosto e 25 de setembro, respectivamente.

Embora persista a incerteza sobre a forma como ela se infectou, o Conselho Geral de Enfermagem espanhol denunciou nesta terça-feira falhas importantes na proteção e na formação dos profissionais para enfrentar o vírus.

"Apesar da tensão que representa o cuidado com estes pacientes, a sensação de segurança com o traje é muito elevada", disse, no entanto, a doutora Marta Mora, da Unidade de Medicina Tropical do Carlos III.

Neste hospital, continuam em observação quinze pessoas que tiveram contato com Romero, entre elas seu marido, que permanecem sem sintomas e poderiam deixar o hospital após o fim do isolamento de 21 dias, período máximo de incubação do vírus.

Segundo a equipe médica, uma vez passados 42 dias, se não houver novos casos de Ebola, será possível considerar a Espanha livre da doença, seguindo os critérios da OMS.

Cifras subestimadas

A cura da enfermeira espanhola se soma ao otimismo cauteloso, expresso pelas autoridades americanas, onde permanecem estáveis as duas enfermeiras infectadas com o Ebola depois de cuidar do liberiano Thomas Eric Duncan, falecido no começo do mês infectado pelo vírus em Dallas. "Respiramos um pouco melhor, mas ainda seguramos o fôlego", disse o prefeito de Dallas, Mike Rawlings, após cinco dias sem o registro de novos casos no país.

No entanto, Washington aumentou nesta terça as restrições a passageiros de regiões afetadas pelo Ebola em cinco aeroportos do país, obrigando-os a se submeter a controles adicionais de saúde. A medida visa prioritariamente aos viajantes que possam vir de Libéria, Serra Leoa ou da Guiné, os países mais afetados pela epidemia.



Os três países concentram a esmagadora maioria dos 9.200 casos de Ebola registrados em sete países, dos quais 4.500 morreram. No entanto, a OMS advertiu nesta terça-feira que as cifras nestes países são subestimadas."São 10%, 20%? Não sei. O que sabemos é que não encontramos todos os casos", afirmou uma porta-voz da OMS.

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