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Enfermeira americana está curada do vírus ebola e deixará hospital

Pham foi a primeira trabalhadora de saúde a ser infectada com ebola nos Estados Unidos, e pegou a doença do paciente liberiano Thomas Eric Duncan

Agência France-Presse
postado em 24/10/2014 13:10
Enfermeira Nina Pham em imagem tirada de vídeo em seu quarto de isolamento no Hospital Presbyterian Texas no dia 16 de outubro

Washington - Duas enfermeiras americanas foram declaradas curadas do ebola nesta sexta-feira (24/10). Uma delas está saudável o suficiente para deixar o hospital e encontrar-se com o presidente Barack Obama. A boa notícia sobre as duas enfermeiras, que contraíram o ebola enquanto cuidavam de um paciente liberiano no Texas (sul), ocorre enquanto a cidade de Nova York lidava com seu primeiro caso confirmado de infecção pela febre hemorrágica.

Vestindo camiseta azul turquesa e aparência saudável, Nina Pham sorriu durante a coletiva concedida na parte externa do Centro Clínico dos Institutos Nacionais de Saúde (NHI, na sigla em inglês) em Bethesda, Maryland. "Eu me sinto afortunada e abençoada por estar aqui hoje", disse Pham aos jornalistas, expressando sua gratidão àqueles que rezaram por ela e cuidaram dela enquanto esteve doente. "Estou em processo de recuperação, enquanto reflito sobre os muitos outros que não foram tão afortunados", prosseguiu.

Pham foi a primeira trabalhadora de saúde a ser infectada com ebola nos Estados Unidos, e pegou a doença do paciente liberiano Thomas Eric Duncan, que deu entrada no Hospital Presbiteriano de Dallas em 28 de setembro. Outra enfermeira colega dela, Amber Vinson, também foi infectada. Ela também se curou, mas ainda não foi liberada do Hospital da Universidade Emory, em Atlanta, Geórgia (sul).

"Os exames não detectam mais o vírus no sangue dela", destacou o hospital, acrescentando que a jovem "fazia bons avanços", mas que permaneceria na unidade de doenças infecciosas graves para cuidados de suporte continuados até segunda ordem.

Pham, de 26 anos, disse que seus pensamentos estão com a amiga, Amber, e com outro profissional de saúde, o médico americano Craig Spencer, diagnosticado com ebola na quinta-feira (23/10), em Nova York, após voltar da Guiné. Ela também agradeceu ao médico Kent Brantly, o missionário americano que desenvolveu a doença na Libéria durante o verão e que doou plasma para ajudá-la em sua recuperação.

Pham deve encontrar-se com o presidente americano, Barack Obama, na Casa Branca, nesta sexta-feira (24/10) às 13h30 local (15h30 de Brasília), antes de voltar para o Texas. Ela pediu privacidade para que possa voltar à vida normal. "Embora não tenha mais Ebola, eu sei que pode demorar um pouco até eu recuperar as forças", afirmou a jovem.

A enfermeira não tomou nenhum medicamento experimental contra o Ebola enquanto esteve isolada no hospital de pesquisas especializado em Bethesda, Maryland, afirmou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alergias.

Paciente liberiano


O diagnóstico confirmando que Pham tinha ebola foi anunciado em 12 de outubro, e o de Vinson, no dia 15. Pham foi inicialmente internada em Dallas, no mesmo hospital onde trabalhava, e foi transferida para o Centro Clínico dos Institutos Nacionais de Saúde no dia 16.

As duas tiveram contato direto com Duncan, que no mês passado viajou de sua Libéria natal para o Texas para visitar a família, antes de adoecer e morrer de Ebola em 8 de outubro. Pham e Vinson trabalhavam na unidade de cuidados intensivos, embora continue o mistério de como exatamente foram infectadas.

Segundo os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), uma "quebra de protocolo" seria a causa, e desde então, o órgão emitiu normas mais duras para vestir os trajes de proteção durante o tratamento de pacientes com Ebola. A doença é transmitida através do contato direto com suor, vômito, sangue ou outros fluidos corporais de uma pessoa infectada. Funcionários sanitários correm um risco particular de contrair ebola.



Na quinta-feira, foi confirmada a infecção de Spencer com Ebola, depois de tratar pacientes no oeste da África como membro da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Um total de nove pessoas já foram tratadas de Ebola nos Estados Unidos e todas, com exceção de Duncan, sobreviveram.

Mais de 4.800 pessoas morreram vítimas da doença desde o começo do ano, sobretudo em Libéria, Guiné e Serra Leoa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Não há medicamentos no mercado para tratar o Ebola e nenhuma vacina aprovada para evitar o contágio pelo vírus mortal, descoberto em 1976. Segundo a OMS, testes com a vacina contra o Ebola poderiam começar em dezembro no oeste da África e centenas de milhares de doses podem ser produzidas em meados de 2015.

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