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OMS espera ter doses maciças de vacinas contra ebola em meados de 2015

Temores de que o vírus hemorrágico possa se espalhar ainda mais foram alimentados com a confirmação de novos casos na cidade de Nova York e no Mali

Agência France-Presse
postado em 24/10/2014 19:55
Genebra - Milhares de doses de vacinas contra o Ebola poderão ser produzidas para o oeste da África até meados de 2015, anunciou a Organização Mundial de Saúde (OMS), depois do registro de novos casos no Mali e em Nova York e de uma suspeita na Costa do Marfim. "Tudo está sendo preparado para iniciar os testes de eficácia em países afetados, no mais tardar em dezembro", afirmou a diretora-geral assistente da OMS, Marie-Paule Kieny.

A OMS espera mandar, para a África, grandes quantidades de doses de qualquer vacina que tenha sua eficácia comprovada em laboratório

Algumas centenas de milhares de doses poderão estar disponíveis "na primeira metade" de 2015, completou. Os comentários de Kieny foram feitos após conversas a portas fechadas na quinta-feira para tentar encontrar uma vacina que consiga vencer essa doença que devasta Guiné, Libéria e Serra Leoa e já matou quase 4.900 pessoas.

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Temores de que o vírus hemorrágico possa se espalhar ainda mais foram alimentados com a confirmação de novos casos na cidade de Nova York e no Mali, que se tornou o sexto país africano afetado pela epidemia.

Testes no mundo real


Especialistas estão depositando suas esperanças nas vacinas experimentais rVSV, que passará por uma nova rodada de testes em Genebra, e ChAd3, produzida pelo laboratório britânico GlaxoSmithKline. Outras cinco vacinas em potencial estariam na fila, disse Kieny.

A OMS espera mandar, para a África, grandes quantidades de doses de qualquer vacina que tenha sua eficácia comprovada em laboratório para que seja, então, testada no "mundo real". "As companhias farmacêuticas que desenvolvendo todas essas vacinas estão comprometidas com impulsionar sua capacidade de produção para que milhões de doses estejam disponíveis em 2015", destacou Kieny.

Não há tratamento licenciado para o Ebola, que é transmitido por contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada, ou de alguém que tenha morrido da doença. Na quinta-feira, a cidade de Nova York confirmou seu primeiro caso de Ebola. Um médico teve um exame positivo para o vírus, após voltar da Guiné, onde tratava de doentes. Esse país africano é o epicentro da pior epidemia da História da doença.

Craig Spencer, de 33 anos, está em isolamento no Hospital Bellevue, em Manhattan. Mas também houve boas notícias. Duas enfermeiras americanas - Nina Pham e Amber Vinson - foram declaradas curadas do Ebola, após cuidar de um liberiano que faleceu vítima da doença no Texas.

Pham recebeu alta, deixou o hospital e foi recebida pelo presidente americano, Barack Obama, na Casa Branca. Embora os exames não detectem mais o vírus no sangue de Vinson, ela permanece internada, até segunda ordem. No Mali, uma menina de dois anos recém-chegada da Guiné com a avó faleceu nesta sexta-feira, vítima do Ebola - informou uma fonte do gabinete do primeiro-ministro.

A menor foi o primeiro caso identificado no Mali desse letal vírus. "Infelizmente, faleceu hoje entre 16h00 e 17h00 (14h00 e 15h00 de Brasília). A informação foi confirmada pelo governador da região de Kayes, no oeste do país, onde ela estava internada", completou a mesma fonte consultada pela AFP.

A OMS informou que as autoridades do Mali estavam rastreando todos aqueles que tiveram contato com a menina e sua avó, e colocaram 43 pessoas em observação.

Medo em Nova York

Funcionários de Saúde no Texas e em Madri (Espanha) pegaram Ebola de pacientes originalmente infectados no oeste da África. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, insiste em que a cidade está totalmente preparada para conter a doença, enquanto as autoridades tentam evitar o pânico na população dessa cidade de 8,4 milhões de habitantes.

[SAIBAMAIS] O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que as autoridades já haviam identificado quatro pessoas que teriam tido contato com o médico, que trabalhou como voluntário da ONG Médicos sem Fronteiras na Guiné. Cuomo destacou que não espera uma repetição da situação em Dallas, onde os funcionários hospitalares parecem ter sido pegos de surpresa com o caso que acabou infectando Pham e Vinson. "Dallas foi surpreendida antes de realmente estar preparada. Temos a vantagem de aprender com base na experiência deles", completou o governador.

Corrida contra o tempo

Na Costa do Marfim, que apesar de ser fronteiriça com dois países afetados pela epidemia - Guiné e Serra Leoa -, até agora era um país livre do Ebola, as autoridades procuravam ativamente um auxiliar de saúde guineano. Ele teria cruzado a fronteira após entrar em pânico depois que um paciente que ele tratou morreu.

Diante da rapidez com que o vírus hemorrágico se propaga, a União Europeia anunciou que elevará sua ajuda, dos atuais EUR 600 milhões para até EUR 1 bilhão (US$ 1,265 bilhão). "Estamos em uma corrida contra o tempo com o Ebola e precisamos responder à situação de emergência e, ao mesmo tempo, ter uma resposta de longo prazo", afirmou na quinta-feira o presidente da Comissão Europeia (braço executivo da UE), José Manuel Durão Barroso.

Os países africanos também prometeram enviar mil trabalhadores sanitários para os países mais afetados pela epidemia. Nesta sexta-feira, a União Africana (UA) informou que está enviando 200 médicos, enfermeiros, epidemiologistas, pessoal de Saúde Ambiental e especialistas sanitários a campo.

Com quase dez mil infectados, o diretor da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma, anunciou que o bloco regional está respondendo a uma necessidade urgente de reforço. A falta de profissionais médicos treinados tem sido um dos maiores obstáculos no combate à epidemia. Funcionários de saúde têm pago um preço alto no combate ao vírus, com 244 mortes de 443 casos registrados.

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