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Aumento da tensão faz Israel fechar temporariamente Esplanada das Mesquitas

EUA exigiram o livre acesso dos muçulmanos à mesquita de Al-Aqsa, na esplanada, e fez um apelo por moderação a todas as partes

Agência France-Presse
postado em 30/10/2014 15:55
Jerusalém - Israel fechou temporariamente nesta quinta-feira (30/10) a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, em meio a uma nova escalada da tensão após um ataque a um ultranacionalista judeu seguido da morte de um palestino suspeito da agressão.

A fundação que administra a esplanada indicou à AFP que a decisão de fechar o terceiro lugar mais sagrado do Islã - também reverenciado por judeus - é uma medida sem precedentes desde 1967, quando a parte palestina da cidade foi anexada por Israel.

A esplanada permaneceu fechada por algumas horas até sua reabertura às 17h00 GMT (15h00 de Brasília). Neste sentido, os Estados Unidos exigiram o livre acesso dos muçulmanos à mesquita de Al-Aqsa, na esplanada, e fez um apelo por moderação a todas as partes.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, considerou o fechamento uma "declaração de guerra", assim como os recentes atos israelenses em Jerusalém Oriental. A Jordânia, que controla a fundação que administra a esplanada, acusou Israel de "terrorismo de Estado". Já a Al-Azhar, uma das mais prestigiadas autoridades do Islã sunita, denunciou como "um ato hostil e bárbaro".

A Al-Azhar acusou Israel de querer "tomar o controle da mesquita de Al-Aqsa" e fez um apelo "ao mundo muçulmano e à comunidade internacional para que impeçam este ato bárbaro que exacerba o conflito religioso e causa instabilidade na região", de acordo com a agência de notícias egípcia Mena.

Na Cidade Velha, jovens palestinos e policiais israelenses voltaram a entrar em confronto no bairro onde a polícia matou, na manhã desta quinta-feira (30/10), um palestino suspeito de ter ferido gravemente na quarta Yehuda Glick, uma personalidade da extrema-direita israelense.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou o envio de reforços "significativos" da polícia a Jerusalém.

;Um assassinato puro e simples;

A polícia foi colocada em estado de alerta em todo o país. As forças de segurança estavam presentes em grande número nas ruas da Cidade Velha, onde os comerciantes fecharam as portas.

Muatez Hijazi, o palestino suspeito de matar Glick, foi abatido a tiros pela polícia israelense pouco antes das 06h00 (02h00 de Brasília).

O homem de 32 anos "foi morto em sua casa no bairro de Abu Tor, Jerusalém, por uma unidade das forças especiais da polícia após uma troca de tiros", afirmou o porta-voz das forças de segurança, Micky Rosenfeld.

Para muitos moradores da área, a polícia assassinou o palestino "pura e simplesmente". Muatez Hijazi havia passado dez anos em uma prisão israelense "por atividades terroristas", segundo a Rádio Israel. O movimento radical Jihad Islâmica o apresentou como um de seus integrantes.

Ele trabalhava na cozinha do centro em que Yehuda Glick havia discursado, segundo um dos responsáveis pelo local, Moshe Foxman. Hijazi tinha deixado o trabalho pouco antes da tentativa de assassinato, segundo Foxwman.

Glick em estado grave, mas estável

Glick é um militante que exige há vários anos o direito dos judeus de rezar no Monte do Templo, nome dado pela comunidade judaica à Esplanada das Mesquitas. Ele foi atingido na barriga e no peito, segundo seu pai, e está em condição grave, mas estável.

Sua reivindicação é uma das principais causas das atuais tensões em Jerusalém Oriental. O estatuto da Esplanada das Mesquitas é motivo de tensão permanente. Os muçulmanos temem que o governo israelense autorize os judeus a rezar no local, o que não é permitido até o momento. Eles suspeitam que tal permissão seria o primeiro passo para destruir as mesquitas, com o objetivo de construir o terceiro templo judaico.

Vários bairros têm sido palco de confrontos diários que suscitam temores de uma Terceira Intifada. Netanyahu voltou a negar na segunda-feira (27/10) o desejo de mudar o estatuto do lugar sagrado. Mas a situação é extremamente instável devido à guerra em Gaza, ao avanço da colonização israelense e ao assédio permanente de que os palestinos se consideram vítimas.

Em meio a este cenário, a União Europeia (UE) se declarou muito preocupada com a situação em Jerusalém e pediu nesta quinta-feira (30/10) a israelenses e palestinos que diminuam a tensão.



[SAIBAMAIS]O secretário de Estado americano, John Kerry, prometeu continuar trabalhando com paciência para relançar o processo de paz entre palestinos e israelenses, considerando que isso ainda é possível.

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