Mundo

Madagascar luta para conter surto de peste que já matou 40 pessoas

Duas pessoas foram infectadas em Antanarivo, uma delas morreu, e trabalhadores de saúde intensificaram uma campanha de controle da peste em áreas de favela na periferia da cidade

Agência France-Presse
postado em 24/11/2014 16:40
Antananarivo- O governo de Madagascar anunciou nesta segunda-feira (24/11) que está lutando para conter um surto de peste - similar a que causou a "morte negra" que varreu a Europa medieval -, que já matou 40 pessoas e se espalha pela capital da ilha, Antanarivo.

Duas pessoas foram infectadas em Antanarivo, uma delas morreu, e trabalhadores de saúde intensificaram uma campanha de controle da peste em áreas de favela na periferia da cidade, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS). O secretário-geral do ministério da Saúde malgaxe, Philemon Tafangy, disse que "duas centenas de residências foram desinfectadas" este mês.

Ele explicou que as pessoas que tiveram contato com os infectados receberam antibióticos como forma de conter a disseminação da doença. Na semana passada, a OMS informou que 40 pessoas tinham morrido em consequência da peste, que foi inicialmente identificada em agosto.

A doença é transmitida por pulgas e afeta, sobretudo, ratos, mas os seres humanos também podem contrair a doença se forem mordidos por uma pulga portadora. A forma bubônica provoca febre alta e inchaço nos gânglios linfáticos, mas pode ser tratada com antibióticos. A versão pneumônica, que afeta os pulmões, pode ser transmitida de pessoa a pessoa através da tosse e mata em 24 horas.

A situação em Madagascar é mais preocupante por causa do alto nível de resistência das pulgas aos inseticidas, informou a agência de saúde da ONU. Em Ankasina, uma favela nos arredores de Antananarivo, a família de uma jovem que morreu de peste contou ter sido estigmatizada pela comunidade.



Segundo Bernadette Rasoarimanana, mãe da falecida, membros de sua comunidade têm lançado "olhares de desprezo" à sua família desde a morte da filha. Moradores da pobre e superlotada favela falam das condições precárias e da infestação por ratos, que aumentam o risco de infecção.

"Nosso bairro é realmente sujo e tem sido negligenciado pelo Estado há muito tempo", acrescentou Bernadette. Casos de peste não são incomuns no país insular. Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o país registra uma média de 500 casos de peste ano ano desde 2009. Estima-se que a "morte negra", como também é conhecida a peste bubônica, tenha matado cerca de 25 milhões de pessoas na Europa durante a Idade Média.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação