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Países mais pobres ainda estão longe das Metas do Milênio da ONU

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, definidos no ano 2000 pelas Nações Unidas, buscam reduzir à metade a pobreza extrema e a fome no mundo antes do fim de 2015

Agência France-Presse
postado em 27/11/2014 16:15
Apesar de um crescimento importante, a maioria dos 48 países mais pobres do mundo, entre eles o Haiti, continuará afastada dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), destaca um relatório das Nações Unidas publicado em Genebra nesta quinta-feira (27/11).

Apenas o Laos parece estar no bom caminho para alcançar a totalidade dos sete pontos das "Metas do Milênio" e outros quatro países - Etiópia, Malauí, Ruanda e Uganda - deverão cumprir a maioria das metas, segundo informe da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCYD).

Os ODM, definidos no ano 2000 pelas Nações Unidas, buscam reduzir à metade a pobreza extrema e a fome no mundo antes do fim de 2015.

"Entre 2002 e 2008, o crescimento dos PMA [Países Menos Avançados] foi superior ao objetivo de 7% adotado pela comunidade internacional. E, inclusive depois da crise financeira de 2008, estes países experimentaram um crescimento mais rápido do que outros países em desenvolvimento, com uma taxa média de 5,7% ao ano", declarou à imprensa Mukhisa Kituyi, diretor-geral da CNUCYD.

Disparidades

Kituyi lamentou, no entanto, que estes países não consigam, paradoxalmente, reduzir consideravelmente sua taxa de pobreza. "No âmbito dos ODM, a pobreza no mundo caiu pela metade, graças aos rápidos avanços feitos nos países em desenvolvimento mais avançados" e não graças aos PMA.

Nestes últimos, a pobreza extrema (renda inferior a US$ 1,25 por dia) diminuiu de 65% em média em 1990 a 45% em 2010. Mas esta cifra reflete várias disparidades.

Os PMA asiáticos avançaram mais rapidamente neste ponto (de 65% para 35%) do que os países africanos e o Haiti (de 65% para 51%), o que lhes permite alcançar, em conjunto, a meta de redução da pobreza à metade, segundo o informe.

O documento antecipa três eixos de desenvolvimento para os PMA: favorecer os investimentos, implantar uma política industrial mais ambiciosa para elevar a produtividade de determinados setores, como a agricultura, e usar incentivos macro-econômicos para aumentar a demanda interna.

Chile como exemplo
Ao favorecer a redistribuição de empregos verdes em atividades produtivas, como a indústria manufatureira e serviços de alto valor agregado, os PMA se aproximarão das Metas do Milênio, segundo o informe.

Isto não significa um abandono da agricultura, um pilar central do PIB dos PMA, mas priorizar a especialização, explicou Taffere Tesfachew, chefe do programa das Nações Unidas para os PMA. "Podem pegar o exemplo do Chile que, há anos, se especializou na produção vitícola. Esta se tornou uma atividade mais moderna, com maior valor agregado", afirmou.



A lista dos PMA é revista a cada três anos. Atualmente, só quatro países conseguiram sair desta lista: Botsuana, em 1994, Cabo Verde, em 2007, Maldivas, em 2011, e Samoa, em 2013.

Para sua confecção, são levados em conta três critérios principais: renda por habitante com um limite de 1.190 dólares para deixar a lista, capital humano baseado em vários critérios (nutrição, saúde, escolarização e alfabetização) e, finalmente, o critério de vulnerabilidade econômica, que leva em conta as catástrofes naturais ou a instabilidade econômica internacional.

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