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Ban Ki-moon promete apoio da ONU em viagem por países afetados por Ebola

A epidemia, a mais grave desde a identificação do vírus na África central, em 1976, teve início em dezembro de 2013 no sul da Guiné e já deixou pelo menos 6.915 mortos entre os 18.603 casos de contágio

Agência France-Presse
postado em 19/12/2014 20:33
Monróvia - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em viagem pelos três países mais afetados pelo Ebola na África ocidental, prometeu nesta sexta-feira apoio da comunidade internacional na luta contra esta epidemia, e ajuda para reconstruir os serviços de saúde.

"As Nações Unidas e a comunidade internacional se mobilizaram depois de vocês", disse Ban em Serra Leoa, onde é registrado o maior número de casos.

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"São heróis", acrescentou o secretário-geral da ONU ao se dirigir a trabalhadores de saúde em um centro de tratamento em Hastings, perto da capital, Freetown, na região oeste do país. Nesta região, onde a propagação do vírus é maior, é realizada desde o final do ano uma campanha de saúde porta a porta.

Este dispositivo, que busca "evacuar os doentes potenciais para centros a fim de submetê-los a testes do vírus Ebola", conseguiu identificar na quarta-feira, seu primeiro dia, sessenta casos, indicou a jornalistas Palo Conteh, encarregado serra-leonês do combate à epidemia.

"Em alguns locais, a estratégia de mobilização contra o Ebola funciona bem", comemorou Ban ao chegar à Libéria, país que soma o maior número de mortes, embora o número de novos casos tenha caído amplamente.

"Precisamos levar as crianças à escola, cultivar os campos e retomar a atividade dos mercados. Além de deter o Ebola, temos que construir sistemas de saúde e outras infraestruturas, que impeçam a chegada de algo parecido no futuro", explicou o secretário-geral.


"Prudentemente otimista"

Ban Ki-Moon, que se mostrou "prudentemente otimista" em sua chegada à Monróvia, viaja acompanhado da diretora da Organização Mundial da Saúde, (OMS), Dra. Margaret Chan, pelo coordenador da ONU para a luta contra esta epidemia, Dr. David Nabarro, e pelo chefe da UNMEER, Anthony Banbury.

"Não é o momento de diminuir nossos esforços", destacou Ban durante coletiva de imprensa conjunta com a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, quando expressou sua "grande admiração e [seu] respeito pelas milhares de equipes de emergência nacionais e internacionais, que contribuem para salvar vidas na linha de frente".

"As Nações Unidas acompanharão o povo da região até chegar o momento em que estivermos seguros de que não há mais casos" de Ebola, declarou Ban Ki-moon em Acra durante um encontro com o presidente de Gana, John Dramani Mahama.

"Devemos refletir cuidadosamente sobre a forma de fortalecer os sistemas de saúde dos países da região para que possam resistir a futuras epidemias de doenças contagiosas", acrescentou.

No sábado, o secretário-geral da ONU se dirigirá a Conakry, na Guiné. Libéria, Serra Leoa e Guiné são os três países mais afetados pela epidemia.

No mesmo dia, também visitará Bamaco, no Mali, que foi o último país afetado, mas onde não são registrados novos casos há várias semanas.

Trata-se da visita de mais alto nível nestes países desde o início da epidemia de Ebola, que já provocou a morte de quase 6.900 pessoas de um total de 18.603 casos registrados, 99% dos quais em Libéria, Serra Leoa e Guiné, segundo o último balanço da OMS de 14 de dezembro.

O único chefe de Estado não africano que viajou aos países afetados foi o presidente francês, François Hollande, que visitou a Guiné em 29 de novembro.

Um soldado nigeriano da MINUL, evacuado em 6 de dezembro para a Holanda, conseguiu superar o vírus, anunciaram nesta sexta-feira autoridades sanitárias holandesas.

A epidemia, a mais grave desde a identificação do vírus na África central, em 1976, teve início em dezembro de 2013 no sul da Guiné e já deixou pelo menos 6.915 mortos entre os 18.603 casos de contágio registrados até 14 de dezembro, a grande maioria nos três países do oeste da África, segundo o último balanço da OMS.


Incêndio

Em Conakry, um incêndio de origem desconhecida em um depósito do aeroporto destruiu na quinta-feira grandes quantidades de material destinado à luta contra o Ebola.

O incidente foi constatado "depois que grande parte do depósito foi devorado pelas chamas", indicou à AFP Abdel Kader Yombouno, assessor jurídico da Sogeac (Sociedade de Gestão do Aeroporto de Conakry), informando que grande parte dos produtos "armazenados no aeroporto pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) foram destruídos".

A UNMEER confirmou o fogo "em um depósito das Nações Unidas que continha medicamentos e material de laboratório utilizados na luta contra o Ebola, que não deixou vítimas, mas uma lamentável perda nos suprimentos, embora sem alcançar os equipamentos de proteção armazenados a pouca distância", segundo um comunicado.

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