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Coreia do Norte pede investigação conjunta com EUA sobre ataque a Sony

Diante de afirmações "sem fundamento" e "difamatórias", o ministério das Relações Exteriores propôs abrir uma investigação com os Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 20/12/2014 09:47
Filme A entrevista mostra a queda de um ditador norte-coreano

Seul
- A Coreia do Norte propôs neste sábado uma investigação conjunta sobre o ataque cibernético contra a Sony Pictures, depois que o presidente americano Barack Obama ameaçou o país com represálias.

"Diante das afirmações sem fundamento e difamatórias que os Estados Unidos estão propagando, propomos uma investigação conjunta sobre este incidente", afirmou um porta-voz do ministério norte-coreano das Relações Exteriores em Pyongyang.

O governo dos Estados Unidos responsabiliza a Coreia do Norte pelo ataque de hackers sofrido pela Sony Pictures, que cancelou o lançamento do filme "A Entrevista", uma comédia sobre um plano da CIA para matar o dirigente norte-coreano Kim Jong-un.

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A produção, estrelada por James Franco e Seth Rogen, provocou um profundo mal-estar no isolado país governado por Kim Jong-un, terceiro integrante da família a chegar ao poder.

"Sem necessidade de recorrer às torturas utilizadas pela CIA, podemos demonstrar que este incidente não tem nada a ver conosco", afirma uma nota do ministério, citada pela agência oficial norte-coreana KCNA.

A Coreia do Norte negou diversas vezes qualquer envolvimento nos ataques contra a Sony, que envolveram a divulgação de centenas de e-mails internos, informações sobre salários, números de previdência social de funcionários e até roteiros em preparação.

No comunicado deste sábado, Pyongyang ameaça com "graves consequências", caso Washington rejeite a proposta de uma investigação conjunta.

"Os Estados Unidos devem levar em consideração as graves consequências, caso rejeitem nossa proposta e continuem falando sobre as supostas represálias contra nós", completa a nota.

Pyongyang fez a proposta um dia depois do presidente americano, Barack Obama, ter ameaçado com represálias em resposta ao ataque.

Na sexta-feira, Obama afirmou que os Estados Unidos não vão ceder diante de um "ditador" e considerou que a Sony "cometeu um erro" ao cancelar a estreia do filme, prevista para 25 de dezembro.

"Provocaram muitos danos e vamos responder. Vamos responder proporcionalmente e vamos responder no local, tempo e da maneira que escolhermos", disse Obama, sem entrar em detalhes.

Semelhanças com outros ataques

Diante das ameaças dos hackers e da recusa das principais redes de cinema de exibir "A Entrevista", o estúdio decidiu na quarta-feira retirar cancelar completamente o lançamento do filme.

O o presidente da Sony Pictures defendeu a decisão da empresa ao afirmar que "o presidente, a imprensa e o público são os que estão equivocados com o que aconteceu na realidade".

Antes do discurso de Obama, o FBI explicou os indícios que permitiram concluir que a Coreia do Norte é responsável pelo ataque.

Os hackers usaram um software malicioso ("malware") para entrar no sistema da empresa e deixar os computadores inoperantes, o que forçou a Sony a desconectar toda sua rede, explicou o FBI.

De acordo com a polícia federal americana, a investigação demonstrou algumas semelhanças com outros ;malwares; desenvolvidos por "figuras da Coreia do Norte".

O governo da Coreia do Sul também responsabilizou a Coreia do Norte pelo ciberataque e afirmou ter reconhecido "semelhanças entre os ataques contra a Sony Pictures e os realizados contra bancos sul-coreanos e outras (entidades) no mês de março do ano passado".

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