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Chibatadas em blogueiro saudita são adiadas por motivos médicos

Haidar declarou que seu marido sofre com ferimentos depois da flagelação da semana passada diante de uma mesquita

Agência France-Presse
postado em 16/01/2015 14:15
Dubai- A flagelação do blogueiro saudita Raef Badaui prevista para esta sexta-feira (16/1) foi adiada, provavelmente por uma semana, por motivos médicos, anunciou sua esposa à AFP. Raef Badaui, de 31 anos, foi condenado em novembro a dez anos de prisão, a 1.000 chibatadas divididas por 20 semanas e a uma multa de 1.000 riais (266 dólares) por insulto ao Islã.

No dia 9 de janeiro recebeu 50 chibatadas, o que provocou uma onda de protestos internacionais, e deveria receber outras nesta sexta-feira. "Mas o médico da prisão estimou que a saúde de Raef Badaui não permitia sua flagelação hoje", declarou Ensaf Haidar, contactada por telefone no Canadá, onde se refugiou com seus três filhos.

Haidar declarou que seu marido sofre com ferimentos depois da flagelação da semana passada diante de uma mesquita em Jidá (oeste), às margens do Mar Vermelho. As próximas chibatadas provavelmente serão aplicadas na próxima semana, acrescentou.

A Anistia Internacional confirmou o adiamento, acrescentando que "o médico concluiu que os ferimentos ainda não haviam cicatrizado corretamente e que não seria capaz de suportar outra sessão de chibatadas". A ONG de defesa dos direitos humanos denunciou novamente uma pena "escandalosamente desumana".



Preso em 2012, Badaui é um dos responsáveis pelo site Liberal Saudi Network e em 2014 recebeu o prêmio da Repórteres Sem Fronteiras (RSF). As autoridades fecharam este site. Uma mulher que militava pelos direitos humanos junto a Badaui, Suad Chamari, afirmou quando foi condenada que o site havia "criticado a polícia religiosa e algumas atuações e fatwas que - segundo ela - atentam contra a essência do Islã".

Na quinta-feira, o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra;ad al-Hussein, convocou o rei Abdullah da Arábia Saudita a indultar o blogueiro. A União Europeia (UE) e os Estados Unidos também condenaram a pena. A Arábia Saudita, berço do wahabismo, é um reino ultraconservador.

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