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EUA consideram 'trágica ironia' análise sobre crimes de guerra de Israel

O procurador do Tribunal Penal Internacional abriu investigação que prometeu conduzir com total independência e imparcialidade supostos crimes cometidos no ano passado em Gaza

Agência France-Presse
postado em 17/01/2015 09:47
Os Estados Unidos classificaram de trágica ironia a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de abrir uma investigação sobre supostos crimes de guerra cometidos pelas forças israelenses contra os palestinos.

O procurador do TPI, Fatou Bensouda, abriu na sexta-feira uma investigação que prometeu conduzir com total independência e imparcialidade sobre supostos crimes de guerra cometidos por Israel durante a ofensiva do ano passado em Gaza.

"Estamos fortemente em desacordo com a ação do TPI", disse em um comunicado o porta-voz do Departamento de Estado, Jeff Rathke. "É uma trágica ironia que Israel, que resistiu a milhares de ataques de foguetes terroristas disparados contra seus civis e seus bairros, agora esteja sendo examinado pelo TPI", acrescentou.

[SAIBAMAIS]Quase 2.200 palestinos e 73 israelenses morreram durante a ofensiva do ano passado em Gaza.

"O Estatuto de Roma não impõe prazos para dar uma decisão relacionada a uma análise preliminar", declarou o gabinete do procurador Bensouda. No momento, este tribunal iniciou análises preliminares em Afeganistão, Colômbia, Geórgia, Guiné, Honduras, Iraque, Nigéria e Ucrânia.

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Os palestinos aderiram formalmente ao Tribunal Penal Internacional no início deste mês, o que lhes permite entrar com demandas perante este organismo por crimes contra a humanidade e crimes de guerra contra Israel a partir de abril.

Os Estados Unidos declararam diversas vezes que não acreditam que a Palestina seja um Estado, razão pela qual ela não deveria poder aderir ao Tribunal.

O governo israelense reagiu rapidamente à decisão do TPI. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a classificou de escandalosa e garantiu que, como a Palestina não é um Estado, o TPI não tem nenhuma jurisdição com base nas regras deste tribunal.

"A Autoridade Palestina coopera com (o movimento islamita palestino) Hamas, um grupo terrorista que comete crimes de guerra, enquanto Israel combate o terror respeitando o direito internacional e dispõe de um sistema judiciário independente", acrescentou Netanyahu.

Israel, que não figura entre os 123 Estados que aderiram ao Estatuto de Roma, não cooperará com o TPI, declarou o chefe da diplomacia israelense, Avigdor Lieberman.

Os palestinos, por sua vez, mostraram sua satisfação. "Nenhum Estado, ninguém pode deter o que iniciamos", disse à AFP o chefe da diplomacia palestina, Riad al-Maliki, para quem, "por fim, é uma verdadeira investigação o que irá ocorrer após a análise preliminar".

A Anistia Internacional afirmou que esta análise preliminar pode "romper a cultura da impunidade que perpetuou um ciclo de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade".

O TPI, com sede em Haia, tem competência para julgar os supostos autores de genocídios, crimes contra a Humanidade e crimes de guerra cometidos desde 1; de julho de 2002.

No passado, a Autoridade Palestina já havia tentado reconhecer a competência do Tribunal, mas uma análise preliminar concluiu que o TPI não podia abrir uma investigação, já que a Palestina detinha apenas o status de "entidade observadora" na ONU.

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