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Sobrevivente de campo na Coreia do Norte admite ter mentido em best-seller

No livro, Shin dizia ter sido torturado e submetido a trabalhos forçados até 2005, quando conseguiu fugir

Agência France-Presse
postado em 18/01/2015 09:00
Um sobrevivente de um campo de prisioneiros da Coreia do Norte, Shin Dong-hyuk, reconheceu neste domingo que a história que relatou em um best-seller continha passagens contrárias à realidade e anunciou que parava com sua militância pelos direitos humanos.

Shin Dong-hyuk, de 32 anos, se desculpou em sua página do Facebook, dizendo que "havia querido ocultar e mascarar uma parte" de seu passado.

No livro, Shin dizia ter sido torturado e queimado aos 13 anos por ter tentado fugir

Shin, única pessoa conhecida que nasceu em um campo norte-coreano e conseguiu fugir, havia contado sua história no livro "Fuga do campo 14", escrito pelo jornalista americano Blaine Harden.

No livro, Shin dizia ter sido torturado e submetido a trabalhos forçados até 2005, quando conseguiu fugir.

Desde então, Shin denunciou as violações dos direitos humanos na Coreia do Norte, um dos países mais fechados do mundo, chegando inclusive a testemunhar ante uma comissão das Nações Unidas.

No entanto, recentemente Shin modificou partes de seu relato, explicou em seu site Blaine Harden.

"Na sexta-feira, 16 de janeiro, soube que Shin havia contado a alguns amigos uma versão significativamente diferente da que aparecia em meu livro", escreveu Harden.

"Pedi explicações a ele sobre as modificações e sobre as razões pelas quais havia me enganado", acrescentou Harden. Segundo o jornal Washington Post, o dissidente norte-coreano explicou ao jornalista que algumas vivências eram muito dolorosas para falar delas.

Shin também afirmou que havia modificado alguns detalhes porque não pensava que fossem importantes, segundo o jornal.

No livro, Shin dizia ter sido torturado e queimado aos 13 anos por ter tentado fugir. De acordo com o Washington Post, quando isso ocorreu Shin tinha 20 anos.

Shin também contava que havia assistido ao fuzilamento de sua mãe e seu irmão, aos quais havia denunciado ante a direção do campo, o que, segundo o jornal, não é certo. Shin não acompanhou os fuzilamentos.



"Aos que me apoiaram, aos que confiaram em mim e acreditaram em mim durante todo este tempo, estou muito agradecido e ao mesmo tempo sinto muito", afirmou Shin.

O dissidente anunciou que abandonava a militância, mas pediu aos que o apoiaram que continuem com o combate pelos direitos humanos na Coreia do Norte.

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