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Obama é convidado de honra no desfile do Dia da República na Índia

A presença de Obama representa uma guinada nas relações dos Estados Unidos com o líder indiano

Agência France-Presse
postado em 26/01/2015 13:46
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que usava um turbante verde e laranja com uma pena rosa, recebeu o presidente americano e sua esposa Michelle

Nova Délhi, Índia - Sob uma chuva persistente, a Índia celebrou nesta segunda-feira exibindo equipamento militar russo e camelos cobertos com grinaldas de flores seu Republic Day, tendo o presidente americano, Barack Obama, como convidado de honra, mais um símbolo da amizade entre os líderes dos dois países. Milhares de espectadores desafiaram o mau tempo e as rígidas medidas de segurança para presenciar o desfile, que todos os anos em 26 de janeiro marca a entrada em vigor da Constituição pós-colonial da Índia em 1950.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que usava um turbante verde e laranja com uma pena rosa, recebeu o presidente americano e sua esposa Michelle, que foram vistos falando e sorrindo animadamente durante o desfile protegidos por um vidro blindado. "O fato de termos um convidado como Obama torna este dia ainda mais especial", declarou Ajith Kumar, um estudante de 20 anos.

[SAIBAMAIS]Obama, o primeiro presidente americano em exercício a ser convidado de honra do desfile militar, elogiou o estilo do primeiro-ministro da Índia, que, no entanto, foi alvo de piadas no Twitter pela roupa que usou durante o encontro no domingo com o presidente americano. Ele vestia um paletó estilo risca de giz, mas com seu nome bordado em letras pequenas para formar as listras.



A presença de Obama representa uma guinada nas relações dos Estados Unidos com o líder indiano, que há um ano era persona non grata em Washington. Ao chegar a Nova Délhi no domingo, Obama deu um grande abraço no primeiro-ministro indiano e ambos insistiram em sua amizade e confiança mútuas.

Além do anúncio de avanços no campo nuclear civil, este primeiro dia de encontros não terminou com nenhum grande pronunciamento. "As relações entre os dois países dependem pouco dos pontos e vírgulas (de um documento) e muito das relações entre seus líderes, da alquimia entre eles", disse o primeiro-ministro indiano. "Barack e eu desenvolvemos uma verdadeira amizade", declarou, ressaltando que isso contribui para aproximar "Washington e Nova Délhi e também os povos dos dois países".

Este entendimento entre os dois homens marca uma mudança de atmosfera entre os dois países, que havia se degradado no fim de 2013 por um litígio sobre uma diplomata indiana detida em Nova York. Além disso, durante uma década os Estados Unidos não mantiveram nenhuma relação com Modi e lhe negaram o visto em 2005 pelos distúrbios antimuçulmanos que atingiram o estado de Guyarat, então dirigido por ele, em 2002.

Encontro com empresários
Os estadistas prometeram no domingo impulsionar sua cooperação no setor nuclear civil e também evocaram as mudanças climáticas. A Índia é o terceiro emissor mundial de gases de efeito estufa, atrás de China e Estados Unidos, dois países que há dois meses chegaram a um acordo sobre o nível de suas emissões destes gases.

Obama e Modi prometeram cooperar, mas a Índia tomou cuidado para não assumir compromissos devido à cúpula climática que será realizada em dezembro em Paris. Segundo a Casa Branca, a Índia anunciará seus objetivos até junho. O presidente americano planeja se reunir com líderes do Partido do Congresso em seu hotel antes de participar na noite desta segunda-feira de uma recepção oferecida por seu colega indiano, Pranab Mukherjee.

Modi e Obama devem participar de uma reunião com empresários em um evento organizado pelo US-India Business Council. Modi lançou uma grande campanha de comunicação para atrair investimento estrangeiro. Os intercâmbios comerciais entre os dois gigantes praticamente quintuplicaram desde 2000 e representam 100 bilhões de dólares anuais. O objetivo de Washington é voltar a multiplicar por cinco este número nos próximos anos.

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