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Atos de apoio e reforço policial marcam enterro de promotor argentino

A polícia isolou os diferentes acessos à funerária em um perímetro de cerca de 100 metros

Agência France-Presse
postado em 28/01/2015 20:48
"Somos todos Nisman", ou "Queremos justiça", gritavam manifestantes na tarde desta quarta-feira, à espera do carro com o corpo do promotor argentino Alberto Nisman, que será velado em uma cerimônia íntima com familiares e amigos.

Três patrulhas da polícia acompanharam o veículo que levou o corpo de Nisman do necrotério até um prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). Lá, foi feito "o ritual de lavagem do corpo, de acordo com o estabelecido pela tradição judaica", informou a organização.

Com a ajuda de fiéis ortodoxos e de agentes da polícia portenha, o veículo deixou o bairro de Once, de maioria judia e no centro de Buenos Aires, para ser velado em uma casa funerária em Belgrano, ao norte da capital.

A polícia isolou os diferentes acessos à funerária em um perímetro de cerca de 100 metros.

Em um movimento espontâneo, várias pessoas foram pendurando nos muros próximos cartazes com mensagens de apoio aos familiares de Nisman.



O promotor foi encontrado sem vida em 18 de janeiro, com um tiro na cabeça. Seu enterro acontece após 11 dias de investigação sobre sua misteriosa morte.

[SAIBAMAIS]Quatro dias antes de seu óbito, ele denunciou a presidente Cristina Kirchner e o ministro argentino das Relações Exteriores, Héctor Timerman, de bolarem um plano para acobertar iranianos acusados de envolvimento no atentado à Amia, em 1994. O promotor investigava o caso desde 2004.

"Eu sou Nisman", dizia o cartaz de uma mulher que, diante das câmeras, pediu "a verdade sobre morte de Nisman".

"Chega de impunidade na Argentina", desabafou, sem se identificar.

Líderes da comunidade judaica na Argentina - a maior da América Latina, com 300 mil pessoas - pediram que fosse declarado dia de luto nacional.


Cristina viaja para a China

A presidente Cristina Kirchner viaja para a China, no próximo sábado, em meio à turbulência política causada pela denúncia e posterior morte de Nisman - informou à AFP uma fonte da Casa Rosada.

A visita vai até 5 de fevereiro e tem como objetivo "fortalecer a relação bilateral", após a visita do presidente chinês, Xi Jinpin, à Argentina, no meio do ano passado, explicou o chefe de gabinete da presidência, Jorge Capitanich, em declarações no início de janeiro.

A confirmação da viagem aconteceu pouco depois do anúncio, em Buenos Aires, da assinatura de um acordo preliminar em Pequim entre as petroleiras Sinopec, da China, e a YPF, da Argentina.

O acordo prevê o avanço no desenvolvimento de projetos no país sul-americano, caso da megajazida de hidrocarbonetos não convencionais Vaca Muerta, no sul da Argentina.

Em plena expansão de seus negócios na América Latina, a China tem pelo menos US$ 23 bilhões investidos na Argentina em hidrocarbonetos, mineração, finanças e exportação agrícola.

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