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União Europeia ampliará lista de sanções por conflito na Ucrânia

De acordo com o projeto de conclusões da reunião de ministros, a UE decidirá expandir a lista negra de pessoas sujeitas a sanções do bloco por seu envolvimento no conflito na Ucrânia

Agência France-Presse
postado em 29/01/2015 14:11
A União Europeia vai acrescentar nomes à lista de pessoas submetidas a sanções por envolvimento no conflito na Ucrânia, no momento em que novas negociações de paz são anunciadas para sexta-feira em Minsk.

Ao mesmo tempo, o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, acusou nesta quinta-feira os Estados Unidos de conduzirem a Rússia para uma nova Guerra Fria que poderia dar início a conflito armado, enquanto no terreno, os combates fizeram onze mortos.

"Vamos reforçar as sanções que visam os separatistas e os seus apoiadores, incluindo na Rússia", declarou o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Harlem Désir, em sua chegada a uma reunião de emergência dos ministros europeus em Bruxelas.

"Vamos manifestar uma forte unidade da UE e exercer a pressão necessária, nomeadamente através do prolongamento e expansão de sanções individuais, para um retorno a uma solução negociada", acrescentou.

Mas esta unidade está ameaçada pelo eventual reforço das sanções econômicas, medida rejeitada por vários Estados-membros.

De acordo com o projeto de conclusões da reunião de ministros, a UE decidirá expandir a lista negra de pessoas sujeitas a sanções do bloco por seu envolvimento no conflito na Ucrânia. Os 28 também deverão decidir sobre a prorrogação, pelo menos até setembro, da primeira série de sanções contra os separatistas ucranianos e autoridades russas, que expiram em março.

Sobre a questão das sanções econômicas, o documento evoca "trabalhos preparatórios (...) sobre medidas apropriadas, incluindo novas sanções".

Enquanto suspeita-se que o novo governo grego queira se opor a um endurecimento contra Moscou, o ministro grego Nikos Kotzias indicou que tem a intenção "de evitar uma fratura" entra a UE e a Rússia.

"A nova posição do governo não vai facilitar o debate (...) e é por isso que eu não sei aonde chegaremos", comentou seu colega alemão, Frank-Walter Steinmeier. Os outros ministros indicaram que vão esperar Atenas de posicionar oficialmente.

Em Kiev, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, pediu nesta quinta-feira aos rebeldes pró-russos que voltem a negociar um novo cessar-fogo no leste da Ucrânia, onde os combates entre o exército e os separatistas aumentaram nos últimos dias.

Neste contexto, o grupo de contato - integrado por um ex-presidente ucraniano, o embaixador russo na Ucrânia e um representante da OSCE - anunciou uma nova reunião na sexta-feira em Minsk. O comunicado sobre a reunião não especifica se também participarão os separatistas pró-russos.

Novo ataque rebelde

No terreno, os combates aumentaram em intensidade nos últimos dias com cinco soldados e seis civis mortos nas últimas 24 horas.

O exército ucraniano anunciou um ataque dos rebeldes apoiados por tanques contra a cidade de Vugleguirsk, localizada 10 km a oeste de Debaltseve, localidade estratégica

O exército ucraniano e as autoridades da República Popular autoproclamada de Donetsk (DNR) também realizaram uma primeira troca de prisioneiros desde a tomada do aeroporto de Donetsk, constatou um jornalista da AFP no local.

Alexandre Mikhailtchouk, um soldado ucraniano gravemente ferido na cabeça durante os combates, foi trocado por um soldado rebelde também ferido.

"Estamos nos preparando para recuperar um grande grupo de homens. E vamos fazer todo o possível para recuperar aqueles que ainda estão lá fora", disse Yuri Tandit, um negociador dos serviços de segurança ucranianos.

Mas a guerra de palavras entre russos e ocidentais também está em seu auge, e a cada dia surgem novas acusações ou recriminações.

O exemplo mais recente: o Parlamento russo, a Duma, está considerando uma resolução condenando a "anexação" da Alemanha Oriental pela Alemanha Ocidental, em 1989, após a queda do Muro de Berlim. Este retorno da História ocorre pouco depois de uma polêmica entre a Rússia e a Polônia sobre a abertura dos portões do campo de extermínio nazista de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.

Neste contexto, Gorbatchev declarou que "temos ouvido falar de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra a Rússia. Perderam a cabeça?". Washington "está nos conduzindo a uma nova Guerra Fria", criticou o ex-líder de 83 anos.



"E depois, o que será? Eu não sou capaz de dizer com confiança que isso não nos levará de fato a uma guerra", concluiu.

Durante uma conversa por telefone com o presidente Poroshenko, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicou na quarta-feira que o preço a ser pago "continuará a aumentar" para Moscou, "enquanto a Rússia não cessar as suas violações flagrantes das suas obrigações".

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