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Separatistas ameaçam prosseguir com ofensiva no leste da Ucrânia

A ofensiva vai continuar se as negociações de paz fracassarem

Agência France-Presse
postado em 30/01/2015 16:07
O separatistas pró-russos ameaçaram prosseguir com sua ofensiva no leste da Ucrânia, se fracassarem as negociações de paz com Kiev, adiadas mais uma vez nesta sexta-feira, quando combatentes e bombardeios deixaram pelo menos 24 mortos.

No campo diplomático, o secretário de Estado, John Kerry, viajará para a Ucrânia na semana que vem para destacar o apoio de Washington a Kiev diante dos ataques dos rebeldes pró-russos, informou nesta sexta-feira o Departamento de Estado..

Enquanto prosseguiam os combates, os separatistas indicaram, em um comunicado conjunto das repúblicas rebeldes de Donetsk e Lugansk que, se fracassarem as negociações com Kiev, vão "prosseguir a ofensiva até libertar totalmente as regiões de Donetsk e Lugansk", atualmente controladas em grande parte pelo governo ucraniano.

Pouco antes, os separatistas tinham anunciado a anulação das novas negociações de paz previstas em Minsk sobre o conflito no leste do país.

As negociações previstas para esta sexta-feira entre os emissários rebeldes e os representantes de Kiev e Moscou, auspiciadas pela Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), foram canceladas, declarou à imprensa o enviado da república autoproclamada de Donetsk, Denis Pushilin.

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"O ministro das Relações Exteriores de Belarus confirmou hoje que (os representantes de) Kiev não comparecerão, as negociações foram canceladas", declarou Pishilin a vários jornalistas antes de abandonar Minsk.

[SAIBAMAIS]J á o porta-voz do ministério ucraniano das Relações Exteriores, Yevgen Perebyynis, afirmou à AFP que seu governo "não havia sido informado sobre o cancelamento das negociações". E o embaixador russo na Ucrânia, Mikhail Zurabov, declarou à agência russa Ria Novosti que não "havia recebido nenhuma informação sobre o encontro".

O ex-presidente ucraniano Leonid Kuchma, que representa as autoridades ucranianas nas negociações, indicou, por último, que viajará no sábado a Minsk, onde talvez os separatistas já não estejam.Kiev havia pedido na quinta-feira, diante de uma nova escalada de violência, a convocação urgente de novas negociações de paz em Minsk, e os emissários das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk chegaram nesta sexta-feira à capital bielorrussa.

O governo ucraniano queria, no entanto, negociar diretamente com os presidentes de Donetsk e Lugansk, Alexander Zajarchenko e Igor Plotnitski, que assinaram os acordos de Minsk em setembro e não com seus emissários, como Pushilin.


Separatistas exigem que ucranianos entreguem armas
No leste da Ucrânia, os combates seguiam em toda a linha de frente, incluindo os arredores da cidade estratégica de Debaltseve, que conecta Donetsk e Lugansk.

Os confrontos deixaram cinco mortos e 23 feridos nas últimas 24 horas, segundo um porta-voz do exército.No reduto separatista de Donetsk, 19 civis morreram em bombardeios no último dia, em um dos piores balanços neste conflito que deixou mais de 5.000 mortos em nove meses. Cinco deles perderam a vida enquanto recebiam ajuda humanitária.

Zajarchenko convocou os militares ucranianos de Debaltseve a entregar as armas. "Gostaria de me dirigir a todos os militares ucranianos: deixem as armas e marchem! Têm uma oportunidade de salvar a vida", declarou em uma televisão russa.

Em Debaltseve, "há bombardeios dia e noite", explicou Svetlana Dremliouk, conselheira municipal desta cidade. "Voluntários tentavam retirar a população, mas as pessoas refugiadas em seus porões não estavam cientes", prosseguiu.

Alguns meios de comunicação ucranianos temem que os combates de Debaltseve se tornem um "segundo Ilovaisk", em referência a uma batalha sangrenta do fim de agosto que deixou mais de 100 soldados mortos.

Por outro lado, os ministros das Relações Exteriores da UE decidiram na quinta-feira prolongar por seis meses as sanções que adotaram em março contra personalidades separatistas pró-russas e russas.

Os 28 também decidiram adicionar nomes a esta lista negra, que já tem 132 pessoas. As sanções implicam um bloqueio de suas contas, assim como a proibição de viajar na União Europeia. Os novos nomes serão anunciadas no prazo "de uma semana".

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