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Fotógrafo e paramilitar morrem no leste da Ucrânia apesar de cessar-fogo

O fotógrafo do jornal ucraniano Segodnia, Serguiï Nikolaïev, e um combatente do grupo nacionalista paramilitar Pravy Sektor morreram em Piski, cidade próxima às ruínas do aeroporto de Donetsk

Agência France-Presse
postado em 28/02/2015 17:26
Um fotógrafo e um paramilitar ucranianos morreram neste sábado no leste separatista pró-russo apesar do frágil cessar-fogo, que continua em vigor em meio a temores de uma nova escalada no conflito.

O fotógrafo do jornal ucraniano Segodnia, Sergui; Nikola;ev, e um combatente do grupo nacionalista paramilitar Pravy Sektor morreram em Piski, cidade próxima às ruínas do aeroporto de Donetsk, informou à AFP um combatente da Pravy Sektor presente no local. O jornal confirmou a morte do fotógrafo.

O exército ucraniano registrou, contudo, "uma queda considerável (do número) de disparos" na madrugada de sábado, após ações violentas que, na sexta-feira, resultaram na morte de três soldados ucranianos nas proximidades do aeroporto de Donetsk em um ataque dos rebeldes apoiados por tanques e morteiros.

O governo ucraniano afirmou, pela manhã, que seu exército não havia sido alvo de disparos neste sábado. No entanto, segundo membros do exército, foram registrados enfrentamentos com armas de fogo na noite de sexta-feira, perto de Debaltsevo, um nó ferroviário conquistado pelos rebeldes após a trégua estabelecida entrar em vigor.

"Os disparos dos separatistas contra as tropas ucranianas na retirada constituem um grave atentado contra o cessar-fogo", afirmou o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

O presidente ucraniano também considerou que não foi "por azar" o assassinato em Moscou de Boris Nemtsov, opositor ao Kremlin que a poucas horas de sua morte convocou os russos a se manifestarem contra a "agressão de Putin na Ucrânia".

Poroshenko acrescentou mais tarde que Boris Nemtsov queria "publicar as provas da participação das tropas russas no conflito da Ucrânia".

Os reveses para o exército ucraniano alimentam temores de uma possível ofensiva contra Mariupol, última grande cidade do leste rebelde sob o poder de Kiev.

O porta-voz militar ucraniano Andri; Lyssenko disse que drones "inimigos" sobrevoaram em cinco ocasiões a zona entre o porto estratégico de Mariupol e a Crimeia, península ucraniana anexada à Rússia há um ano.

A tomada desse porto seria uma etapa chave para criar uma ponte terrestre entre a Rússia e a Crimeia, que, embora anexada, segue dependendo da Ucrânia para o abastecimento de água e eletricidade.

O conflito no leste da Ucrânia deixou em dez meses 5.800 mortos, 300.000 deslocados no interior do país e um milhão no exterior, segundo a ONU, que estima que cerca de cinco milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária.

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