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Emissário da ONU negocia em Damasco cessar-fogo em Alepo

No que se refere aos combates, as forças de segurança do regime sírio, apoiadas pelo Hezbollah libanês, avançaram neste sábado no sul do país

Agência France-Presse
postado em 28/02/2015 20:32
Damasco, Síria - O mediador da ONU para Síria, Staffan De Mistura, que chegou a Damasco neste sábado para negociar um cessar-fogo em Alepo (norte), conseguiu o envio de uma delegação ao local para avaliar a situação.

"De Mistura reuniu-se com Walid Mouallem, ministro das Relações Exteriores, e conseguiu um acordo para enviar uma delegação a Alepo", afirmou a agência oficial Sana, sem informar uma data.

No que se refere aos combates, as forças de segurança do regime sírio, apoiadas pelo Hezbollah libanês, avançaram neste sábado no sul do país, enquanto no norte os jihadistas do Frente al Nosra se apoderaram de uma base importante.

"De Mistura deseja começar a aplicar seu projeto o mais rápido possível", disse à AFP um de seus conselheiros.

Em meados de fevereiro, De Mistura afirmou que o regime sírio está disposto a suspender os ataques aéreos e os disparos de artilharia contra Alepo durante seis semanas para permitir um cessar-fogo localizado.

"A suspensão começará a partir de uma data que será anunciada em Damasco", afirmou.

Ao mesmo tempo, em Kilis, localidade turca na fronteira com a Síria, "políticos e militares da oposição e membros da sociedade civil de Alepo se reuniram para anunciar sua posição sobre a iniciativa", declarou à AFP um funcionário da assessoria de imprensa da Coalizão da oposição.

"O líder da Coalizão, Jaled Hoja, estará presente na reunião, que vai até domingo. Fará o anúncio da implementação de um comitê de acompanhamento que permanecerá em contato com Mistura sobre este tema", acrescentou.

De Mistura já havia pedido a Damasco que facilitasse o envio ao local de uma missão da ONU encarregada de escolher um distrito de Alepo como teste para um cessar-fogo.

Segundo o vice-ministro das Relações Exteriores sírio Faisal Moqdad, citado pelo jornal Al Watan, De Mistura propôs suspender as hostilidades em dois barrios de Alepo, Saladino e Seif al Dawla. O governo sírio quer começar por Saladino.

Uma parte desses dois bairros, situados no sudeste da antiga capital econômica, é controlada pelas forças do regime e a outra parte por rebeldes desde julho de 2012.

Em um encontro na quarta-feira com parlamentares franceses, o presidente sírio Bashar al Assad teria declarado seu apoio à iniciativa de Mistura a cessar-fogos locais.

- Forças do regime sírio avançam no sul -

As forças do regime sírio apoiadas pelo Hezbollah progrediram neste sábado no sul da Síria, enquanto no norte os jihadistas do Frente al Nosra se apoderaram de uma base importante.

Desde a sexta-feira à noite, a cerca de 50 km ao sudeste de Damasco, o exército enfrenta grupos rebeldes e jihadistas do Frente al Nosra, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

O exército conta com a ajuda do Hezbollah, de conselheiros dos guardiões da revolução iraniana e milicias xiitas iraquianas, acrescenta.

"As forças pró-regime avançaram e se apoderaram de três povoados e de várias colinas na província de Deraa, com o apoio da aviação síria", informou o OSDH.

O objetivo é chegar até de armistício com Israel nas Colinas de Golã e obstruir a rodovia para os rebeldes e para a Frente al Nosra, braço sírio da Al-Qaeda, que tentam avançar do sul para Damasco. Para isso, o exército sírio e o Hezbollah avançam do leste para oeste.

A agência oficial síria SANA confirmou a tomada das colinas, consideradas estratégicas. Segundo os moradores, a ofensiva surpreendeu os rebeldes, e muitos deles morreram ou fugiram.

Os rebeldes do Al Nosra, que controlam parte do território ao longo da fronteira jordaniana, avançaram nas províncias do sul, de grande importância por sua proximidade com Damasco, Jordânia e Golã ocupado por Israel.

No sul, os rebeldes e o Al Nosra combatem juntos, mas no norte a atuação é separada.

Perto de Alepo, o Al Nosra expulsou os rebeldes sírios da base militar 46, após combates que resultaram em 29 mortos nas fileiras do grupo rebelde sírio Hazem e seis nas dos jihadistas, de acordo com o OSDH.

O Hazem é considerado um grupo rebelde "moderado" pelos países ocidentais em comparação com os jihadistas ultra-radicais.

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