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Comissão eleitoral egípcia anunciará novo calendário para legislativas

As disposições julgadas contrárias à Carta Magna serão revisadas e haverá um novo calendário para a organização destas eleições, indicou a comissão em um comunicado

Agência France-Presse
postado em 01/03/2015 10:41
A comissão eleitoral egípcia anunciou neste domingo que preparará um novo calendário para as eleições legislativas previstas a partir de 21 de março, depois que a justiça considerou inconstitucional a lei que as definia.

As disposições julgadas contrárias à Carta Magna serão revisadas e haverá um novo calendário para a organização destas eleições, indicou a comissão em um comunicado, sem informar os novos prazos.

O que é certo é que "as eleições não serão realizadas em 21 de março", esclareceu à AFP o porta-voz da comissão, Omar Marwan, após uma reunião com seus integrantes.

O Tribunal Constitucional estimou neste domingo que algumas partes da lei, sobretudo as que se referem à distribuição das circunscrições, eram contrárias à Carta Magna.

Logo depois, o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, ordenou que o texto seja modificado no prazo de um mês, e pediu a tomada das "medidas legais necessárias para evitar o adiamento" das eleições, segundo seu gabinete.

Agora o tribunal administrativo deve se pronunciar formalmente sobre o adiamento destas eleições legislativas, as primeiras tendo Sissi como presidente.

O novo calendário divide os especialistas: "As eleições serão adiadas e o processo será retomado desde o início", considerou Mohamed Abdel Wahab, jurista consultado pela AFP.

Já uma ex-juíza do Tribunal Constitucional, Tahany al-Gebaly, indicou que ainda não estava claro se as eleições seriam adiadas e por quanto tempo.

Após o golpe de Estado contra o presidente islamita Mohamed Mursi, em julho de 2013, Sissi, na época chefe do exército, anunciou um mapa do caminho que previa a adoção de uma nova Constituição, seguida de eleições presidenciais e legislativas.

A nova Carta Magna foi adotada em janeiro de 2014, e a eleição presidencial organizada em maio daquele ano converteu Sissi em chefe de Estado com 97% dos votos depois que as autoridades eliminaram toda a oposição, tanto religiosa quanto laica.

Do total de 567 deputados do Parlamento egípcio, 540 deverão ser eleitos em várias etapas, em um processo muito complexo, de eleição mista (uninominal e por listas), por sufrágio universal e por províncias, enquanto os 27 restantes serão nomeados diretamente pelo presidente.

De qualquer forma, os especialistas acreditam que as eleições estarão dominadas pelos partidários de Sissi, devido à brutal repressão das autoridades contra a Irmandade Muçulmana, o grupo ao qual Mursi pertence.

A organização islamita venceu todas as eleições organizadas entre 2011 e 2013 até ser classificada como movimento terrorista pelo novo governo, que levou sistematicamente seus líderes à prisão ou ao exílio.

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