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Farc diz que acordo de paz com prisão para guerrilheiros 'não é possível'

Guerrilha fez advertência após aumento da pressão nacional e internacional para que aceitem o julgamento dos rebeldes envolvidos em crimes de guerra e crimes contra a humanidade

Agência France-Presse
postado em 03/03/2015 12:58
Havana, Cuba - A guerrilha comunista das Farc advertiu nesta terça-feira (3/3) que não é possível selar um acordo de paz para a Colômbia que contemple "um só dia de prisão" para os guerrilheiros, após o aumento da pressão por justiça para as vítimas do conflito armado.

"Manifestamos que não é possível um acordo que contemple um só dia de prisão para nenhum guerrilheiro pelo fato de terem exercido o direito à rebelião (...) para acabar com as injustiças que nosso povo sofreu", declarou a guerrilha em um comunicado lido à imprensa por Ricardo Téllez, um dos delegados nas negociações de paz com o governo colombiano em Havana. "Não são os membros das Farc que gozaram de imunidade ao longo do conflito colombiano, mas a oligarquia, a classe política governante e as forças militares", acrescentou Téllez.

A guerrilha fez esta advertência após o aumento da pressão nacional e internacional para que aceitem o julgamento dos rebeldes envolvidos em crimes de guerra e crimes contra a humanidade no âmbito do conflito armado de meio século.



O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, prêmio Nobel da Paz 2001, advertiu na sexta-feira (27/2) em uma reunião com os negociadores de ambas as partes em Havana que se um eventual acordo de paz não contemplar justiça na Colômbia o Tribunal Penal Internacional (TPI) pode intervir. "O Tribunal Penal Internacional tem a norma de que se o governo envolvido, neste caso o governo colombiano, não solucionar os assuntos de justiça, não estabelecer um tribunal (...), o TPI intervém", disse Annan em uma coletiva de imprensa junto aos chefes negociadores das Farc, Iván Márquez, e do governo, Humberto de la Calle.

Ambas as partes estão debatendo há sete meses o complexo tema da reparação das vítimas, quarto dos seis pontos da agenda de paz.

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