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Presidente palestino quer negociar com Israel em reunião crucial para a OL

"Pedimos a todos os países do mundo que reconheçam o Estado Palestino", declarou Abbas, na abertura do encontro

Agência France-Presse
postado em 04/03/2015 15:11
Ramallah, Territórios palestinos - O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, afirmou nesta quarta-feira que quer seguir negociando com os israelenses, seja qual for o governo que irá dirigir Israel após as eleições de 17 de março.

Os líderes palestinos iniciaram nesta quarta-feira uma reunião crucial sobre o futuro da Autoridade Palestina e suas relações com Israel, na qual poderão discutir a dissolução desta instituição asfixiada economicamente pelo governo israelense.

"Pedimos a todos os países do mundo que reconheçam o Estado Palestino", declarou Abbas, na abertura do encontro.

"No entanto, queremos dizer aos israelenses que estes reconhecimentos não significam que não queremos negociar, ou que queremos fugir das negociações", completou.

"O povo israelense escolherá quem quiser e negociaremos com ele", assegurou Abas.

A crise financeira da Autoridade Palestina e a falta de uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos, se agravaram desde o início do ano pela recusa de Israel para entregar à Palestina os impostos que arrecada em seu nome, isto é, cerca de 500 milhões de dólares.

Neste contexto, os dirigentes palestinos não podem arcar há três meses com o pagamento de seus 180.000 funcionários.

Além disso, um tribunal novaiorquino acaba de condenar a Autoridade Palestina e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que a controla, a pagar mais de 650 milhões de dólares em indenizações às famílias das vítimas dos atentados cometidos durante a segunda Intifada.

Neste contexto, haverá que se "reexaminar as prerrogativas" da Autoridade, afirmou Abbas nesta quarta-feira.

Durante sua reunião de dois dias em Ramallah, sede da Autoridade na Cisjordânia ocupada, os 80 membros do Conselho Central da OLP presentes (a maioria dos 30 ausentes não obtiveram permissão de Israel para participar ou estão em prisões israelenses) deverão abordar também a crise política que atravessa a instituição.

A OLP ameaça acabar com a cooperação, em matéria de segurança com Israel e, inclusive, dissolver a Autoridade Palestina. Uma decisão que só o Conselho Central da OLP pode tomar, mas que, segundo Washington, conduziria diretamente ao caos.

Antes de chegar a esta opção, a OLP avaliará em profundidade suas relações com Israel, afirmou Ahmed Majdalani, um dos 18 membros do Comité Executivo, a principal instância da OLP.

Estas relações abarcam "a cooperação em matéria de segurança e os vínculos econômicos", e poderiam se romper apesar das "fortes pressões", especialmente dos EUA", afirma.

De fato, a dissolução da Autoridade Palestina implicará que Israel, como potência ocupante, se encarregue dos assuntos palestinos, ou seja, garantir os serviços públicos e dirigir o destino de mais de quatro milhões de palestinos. E, como consequência, enviar seus soldados a todas as cidades e localidades palestinas.

Para Salim Zaanum, presidente do Conselho Central da OLP, esta dissolução é uma "faca de dois gumes", já que faria depender da potência ocupante o destino dos 4,6 milhões de palestinos das zonas ocupadas por Israel.

Criada em 1994, na base dos Acordos de Oslo sobre um autogoverno palestino, a Autoridade deveria desaparecer em 1999, mas continua vigente a falta de um acordo de paz. O mandato de Abbas expirou em 2009.

Além disso, o parlamento, eleito em 2006, no qual o Hamas conta pela primeira vez com a maioria, não se reúne desde 2007, quando este movimento islamita, privado de sua vitória nas legislativas, expulsou pela força ao Fatah da Faixa de Gaza.

Abbas acusou novamente o Hamas de não ter entregue o poder em Gaza ao governo de união previsto no acordo de reconciliação firmado na primavera de 2014.

"Se eu receber um acordo oficial escrito (do Hamas), promulgarei imediatamente um decreto para convocar eleições", afirmou.

"Foi Abbas que atrasou as eleições ao não promulgar o decreto no prazo de seis meses como previa o acordo", replicou o Hamas.

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