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Moscou e Berlim querem dobrar número de observadores na Ucrânia

O aumento do contingente seria para assegurar "um controle eficaz" do cessar-fogo entre as forças de Kiev e os rebeldes pró-russos, de acordo com a chancelaria russa. O número atual de observadores é de 452.

Agência France-Presse
postado em 06/03/2015 16:37
Riga - Rússia e Alemanha pediram nesta sexta-feira à Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que mobilize mais que o dobro de observadores que mantém atualmente na Ucrânia, a até chegar a mil, enquanto os europeus se mostram reticentes em modificar as sanções impostas à Rússia.

Durante uma conversa telefônica, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e seu colega alemão Franck-Walter Steinmeier "pediram à OSCE que tome rapidamente uma decisão para estender o mandato de sua missão de observação especial e que aumente seu contingente a mil observadores", segundo Lavrov.



O aumento do contingente seria para assegurar "um controle eficaz" do cessar-fogo entre as forças de Kiev e os rebeldes pró-russos, de acordo com a chancelaria russa. O número atual de observadores é de 452.

Poucas horas antes, o secretário-geral da OSCE, Lamberto Zannier, lamentou o fato de seus observadores serem impedidos de monitorar plenamente a trégua no leste da Ucrânia.

O cessar-fogo, em vigor desde 15 de fevereiro, continua frágil, apesar da retirada das armas pesadas ao longo da linha de frente no leste separatista pró-russo.

No terreno, apesar da calma relativa, tiros esporádicos são ouvidos diariamente no leste onde o conflito deixou quase 6.000 mortos em dez meses.Os observadores da OSCE, que deveriam monitorar esta retirada, continuam "muito limitados em seus movimentos", lamentou nesta sexta-feira Zannier.

"Há áreas em que não podemos entrar", declarou o embaixador, que deverá apresentar um relatório sobre a situação aos ministros das Relações Exteriores da UE reunidos em Riga, capital da Letônia.

A UE impôs pesadas sanções econômicas à Rússia, que é acusada de fornecer armas e tropas aos separatistas, o que Moscou nega.Essas sanções, que expiram em julho, devem ser renovadas nas próximas semanas, o que tem provocado debate entre os europeus, divididos a este respeito.

"Nós iremos preparar eventuais novas sanções, que poderão ser impostas rapidamente em caso de nova ação de agressão por parte da Rússia, ou se as obrigações determinadas nos acordos de Minsk não sejam respeitadas", declarou o chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, em Varsóvia.

Mas, "para a Espanha, este não é o momento de acelerar as sanções, é necessário dar uma chance à paz", segundo declarou ou ministro José Manuel Garcia Margallo.

O ministro lituano, Linas Linkevicius, indicou por sua vez que os europeus vão "continuar unidos para isolar a Rússia", apelando a uma resposta ainda mais severa.

Já a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, considerou que "as sanções não serão suspensas até que aconteça algo realmente bom. Ao mesmo tempo continuamos a pressão se for necessário".

"Até agora o cessar-fogo não é perfeito mas a tendência é positiva", acrescentou.Os acordos de paz de Minsk 2, concluídos em 12 de fevereiro, incluem um cessar-fogo, a retirada de todas as armas pesadas da linha de frente a fim de estabelecer uma zona tampão de 50 km a 140 km em função do tipo de arma.

O processo começou com atraso, mas após uma semana as duas partes asseguram que seguem nesta tarefa."Os soldados ucranianos começaram a retirada dos sistemas de lançamento de foguetes Ouragan", declarou Anatoli Stelmakh.

Depois da tomada pelos rebeldes de Debaltseve, entroncamento ferroviário entre as duas capitais separatistas de Donetsk e Lugansk, e apesar do cessar-fogo, muitos temem que Mariupol, a última grande cidade no leste rebelde sob o controle de Kiev, seja o próximo alvo dos separatistas.

Citando os avanços nas investigações na Ucrânia, a UE levantou nesta sexta-feira as sanções contra quatro membros do regime do ex-presidente Viktor Yanukovych, mas mantendo-os em sua lista negra.

Na Rússia, a piloto militar ucraniana Nadia Savchenko, em greve de fome há 84 dias para protestar contra sua detenção, decidiu acabar com sua ação, de acordo com seu advogado.

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