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Agressor do embaixador americano é acusado de tentativa de homicídio

Kim Ki-jong, 55 anos, também enfrenta uma acusação por agressão contra um enviado estrangeiro ao tentar na quinta-feira ferir o diplomata Mark Lippert com uma faca.

Agência France-Presse
postado em 06/03/2015 16:42

Kim Ki-jong viajou pelo menos seis vezes para a Coreia do Norte entre 2006 e 2007 e tentou construir, em Seul, um monumento a Kim Jong-il após a morte do dirigente norte-coreano em 2011.

Seul - A polícia sul-coreana indiciou nesta sexta-feira o agressor do embaixador dos Estados Unidos, em Seul, por tentativa de assassinado, ao mesmo tempo em que prossegue com as investigações sobre seus possíveis vínculos com a Coreia do Norte.

Kim Ki-jong, 55 anos, também enfrenta uma acusação por agressão contra um enviado estrangeiro ao tentar na quinta-feira ferir o diplomata Mark Lippert com uma faca. O embaixador recebeu 80 pontos para fechar um corte profundo no rosto.

[SAIBAMAIS]

Os elementos que começam a aparecer na Coreia do Sul sobre o perfil do agressor dão a entender que ele seria um ;lobo solitário;, um fervoroso nacionalista convencido de que Washington é um dos principais obstáculos para a reunificação da península coreana.

Kim Ki-jong viajou pelo menos seis vezes para a Coreia do Norte entre 2006 e 2007 e tentou construir, em Seul, um monumento a Kim Jong-il após a morte do dirigente norte-coreano em 2011.



Em 2010 foi condenado à prisão com sursis por jogar uma pedra contra o embaixador japonês."Estamos investigando os eventuais vínculos entre o suspeito e a Coreia do Norte", afirmou Yoon Myung-soon, chefe de polícia do distrito central de Seul, área do ataque.

"Até o momento não temos nenhuma prova, mas tentamos determinar se violou a lei de segurança nacional", completou.A lei entrou em vigor em 1948 para proteger a jovem Coreia do Sul das tentativas de invasão do Norte comunista. Proíbe qualquer promoção escrita ou oral da ideologia de Pyongyang e prevê até sete anos de prisão para os transgressores.


Choque e vergonha

A investigação foi confiada a uma equipe especial formada por cerca de 100 policiais e magistrados, sob os auspícios do serviço antiterrorismo da promotoria.

A residência e o escritório do suspeito foram revistados, e documentos e computadores apreendidos. Também foram encontrados livros e pistas que apontam para uma posição favorável à Coreia do Norte.

Ao ser questionado por jornalistas se ele teria agido por ordem de Pyongyang durante sua transferência da delegacia para o tribunal, o suspeito respondeu negando: "não houve nada disso".

Os médicos que operaram o embaixador americano durante duas horas e meia informaram que ele se recupera do ataque. Os pontos devem ser retirados na próxima semana.

Nenhum nervo facial foi atingido de forma irreversível. Os nervos de um dedo podem precisar de seis meses para a recuperação completa.

Pyongyang considerou a agressão contra o embaixador um "castigo justo" e um "ato de resistência" à presença americana na Coreia do Sul, onde acontecem atualmente exercícios militares conjuntos entre Seul e Washington.

O ministério sul-coreano da Unificação condenou o apoio da Coreia do Norte ao ataque."Condenamos com veemência a Coreia do Norte por expressar seu apoio a este ataque", declarou Lim Byeong-Chol, porta-voz do ministério. "A Coreia do Norte deve parar suas provocações irracionais e pensar seriamente no que deve fazer para desenvolver as relações entre as Coreias e para uma paz verdadeira na península coreana".

Esta agressão contra o aliado mais próximo da Coreia do Sul provocou uma onda de choque neste país onde os debates políticos acalorados são comuns, mas a violência política é rara.

A mídia também evocou um sentimento de vergonha que tal ataque poderia provocar. "Temos vergonha de não termos sido capazes de impedir que um nacionalista extremista cometesse um ataque terrorista", escreveu o jornal JoonAng.

A presidente sul-coreana Park Geun-Hye denunciou um ataque contra a aliança militar entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.Washington condenou "veementemente", enquanto o secretário de Estado americano John Kerry advertiu que seu país jamais cederá às ameaças.

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