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Tunísia: protesto contra o terrorismo marca marcha de abertura de fórum

Manifestação pacífica na abertura do Fórum Social Mundial contou com 20 mil participantes

postado em 24/03/2015 17:16

Sob chuva forte e temperatura de 15 graus Celsius, os participantes da tradicional marcha que marca a abertura do Fórum Social Mundial caminharam de forma pacífica, na tarde de hoje (24/3), pelas ruas da região central de Túnis, capital da Tunísia. Eles foram até o Museu do Bardo, onde ocorreu o atentado terrorista que deixou 22 mortos no dia 18 de março. A reabertura do museu ao público foi celebrada com uma cerimônia que teve a participação da Orquestra Sinfônica tunisiana.


Sob o slogan "Povos do mundo unidos contra o terrorismo", o público de cerca de 20 mil pessoas de diversos países, segundo a polícia, carregava faixas contra o extremismo e a violência pedindo justiça social, liberdade e paz. Muitos gritavam palavras de ordem por uma Tunísia livre e unida contra o terrorismo e vestiam camisas em que estava escrito ;Je suis Bardo; (Eu sou Bardo), em alusão ao ;Je suis Charlie", frase que marcou a onda de protestos contra o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo em janeiro, em Paris. Também houve atos, bandeiras e faixas defendendo diversas causas, como a libertação da Palestina e a luta feminista, manifestações embaladas por cantos e danças.

A segurança estava reforçada ao longo de toda a caminhada e em frente ao museu com policiais fortemente armados e cercas de arame farpado em torno do prédio.


Abir Ben Arab, de 23 anos, estudante da Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade El Manar, onde ocorre o fórum, disse que participou da marcha para mostrar que a sociedade tunisiana está unida contra o extremismo. ;O que aconteceu no Museu [ do Bardo] foi uma catástrofe para nós;.


O desempregado tunisiano Mrassi Oussama, de 33 anos, contou que foi à caminhada para reforçar a mensagem de que é necessário lutar contra o terrorismo. ;Não se deve ter medo [do terrorismo]. É preciso lutar para acabar com os problemas sociais e políticos e defender a revolução [o levante popular que levou à derrubada do governo ditatorial de Zine Al Abidine Ben Ali, que estava há 23 anos no poder];.


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A Tunísia é considerada o berço da Primavera Árabe, a série de levantes populares que derrubou governos autoritários na região. A transição do país para um regime democrático é tido como o único caso de sucesso da onda de contestações, já que países como a Síria e o Egito estão assolados por conflitos. O país promoveu eleições parlamentares e elegeu o presidente no ano passado, o líder do partido laico Nidaa Toun;s, Beji Caid Essebsi. Foi a primeira vez desde a independência tunisiana do domínio francês, em 1956, que a população escolheu livremente o presidente do país.


A estudante universitária da Argélia, Lynda Tatou, de 23 anos, destacou que esteve na marcha para enviar uma mensagem contra o que ocorre nos países árabes mergulhados em violência e extremismo. ;Vim em solidariedade ao povo tunisiano. Na Argélia, ainda acontecem problemas com grupos terroristas;, disse.

Pela manhã, a Assembleia das Mulheres marcou o início das atividades do Fórum Social Mundial, que vai até dia 28 de março. No anfiteatro lotado da Faculdade de Direito da Universidade El Manar, mulheres e homens se mobilizaram pedindo menos violência e mais igualdade de gênero. A ativista do movimento feminista Aicha Duishi, do Sul do Marrocos, afirmou que veio ao fórum para apoiar a sociedade tunisiana e a luta das mulheres da região do Norte da África.


O Fórum Social Mundial espera reunir cerca de 60 mil pessoas e tem quase 1,1 mil atividades previstas entre 24 e 28 de março. Mais de 4 mil organizações de 118 países estão inscritas para participar do evento, que terá como lema ;Dignidade, direitos e liberdade;.

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