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EUA e Irã retomam negociações sobre programa nuclear de Teerã

Autoridades afirmam acreditar na conclusão do acordo até o prazo estabelecido

Agência France-Presse
postado em 26/03/2015 15:21

Lausana - Os governos de Estados Unidos e Irã deram início, nesta quinta-feira (26/3), na Suíça, a uma nova rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano. Existe a disposição para um acordo histórico antes do fim de março, apesar do contexto regional cada vez mais tenso.

"Nós acreditamos que é possível consegui-lo antes de 31 de março, quando se encerra o prazo", indicou um encarregado do Departamento de Estado, que viajou no mesmo avião que o secretário de Estado, John Kerry, em direção à cidade de Lausanne.

Kerry e o iraniano Mohamad Javad Zarif se reuniram pouco depois das 09h00 locais (06h00, horário de Brasília), acompanhados das respectivas delegações, para dar continuidade às reuniões, passada menos de uma semana da última sessão de negociações.

O histórico acordo, que poria fim a mais de uma década de diálogo difícil, pretende impedir que o Irã desenvolva armas nucleares em troca da suspensão ou diminuição nas sanções econômicas impostas pela comunidade internacional.

O governo do Irã já negou reiteradas vezes que esteja interessado em produzir esse tipo de armamento e assegura que seu programa tem objetivos civis e pacíficos.

O ministro francês de Relações Exteriores, Laurent Fabius, se envolverá nas negociações a partir de sábado.

Tenso contexto regional

Uma fonte europeia ponderou sobre a importância da data de 31 de março, já que o último prazo se encerra em 30 de junho, quando deve ser anunciada a solução de todos os aspectos técnicos. "Existe um caminho traçado para entrar em acordo", disse o representante do Departamento de Estado, destacando que "ainda não chegamos a esse ponto".

Por sua vez, o chefe do programa nuclear iraniano Ali Akbar Salehi disse à AFP que é "otimista" sobre a possibilidade de ser selado esse histórico acordo. Salehi advertiu sobre o complicado contexto regional e a atuação de quem não quer que se estabeleça um compromisso. "De uma forma geral, sou otimista, mas há atores no nível internacional com interesse na ocorrência de problemas", declarou.

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As negociações sobre o programa nuclear iraniano voltam a acontecer em um contexto regional extremamente tenso, após a intervenção militar, iniciada na quarta à noite, de uma coalizão liderada pela Arábia Saudita (sunita), contra os xiitas hutis, no Iêmen. O governo iraniano apoia a ação dos hutis.

O Irã condenou a intervenção militar --apoiada pelos Estados Unidos-- e classificou de "iniciativa perigosa que viola as responsabilidades internacionais e a soberania nacional".

Esta operação "criará mais tensões na região e não trará qualquer benefício aos países", garantiu Zarif ao Al Alam, canal na televisão iraniana com transmissão em árabe.

O ministro iraniano explicou que a situação no Iêmen não tinha sido tratada com o secretário John Kerry. "Nosso diálogo se limitou ao tema nuclear", assegurou.

Ainda na quarta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu -- cujas relações com Washington estão em um nível nunca visto --, prometeu que continuaria a atuar contra o acordo. Israel e Irã são inimigos ferrenhos na região.

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