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Candidatos britânicos antecipam a luta para conseguir apoio ao governo

Pesquisas apontam que nenhum partido conseguirá maioria absoluta. Tanto os conservadores do primeiro-ministro David Cameron como os trabalhistas de Ed Miliband precisarão de apoio para governar

Agência France-Presse
postado em 04/05/2015 09:08
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Londres, Reino Unido
- Para combater o temor do eleitorado britânico a respeito da batalha posterior às eleições de quinta-feira (07/5), os candidatos começaram a apresentar condições para receber ou dar seu apoio à formação de um governo.

As pesquisas apontam que nenhum partido conseguirá maioria absoluta e que tanto os conservadores do primeiro-ministro David Cameron como os trabalhistas de Ed Miliband precisarão de apoio de outras forças para governar, algo que será traduzido em uma coalizão ou em um acordo pontual para garantir a posse e a aprovação de leis importantes.



Miliband foi fotografado ao lado das seis grandes promessas que fez durante a campanha, gravadas em pedra, enquanto Cameron prometeu reduzir os impostos de 30 milhões de pessoas e assegurou que não vai liderar nenhuma coalizão que não garanta um referendo de saída da União Europeia em 2017.

Os democrata-liberais de Nick Clegg, que governam ao lado dos conservadores em uma coalizão na atual legislatura, brigam para manter a influência na política britânica e divulgaram suas condições estritas para apoiar um governo, ao mesmo tempo que flexibilizaram sua oposição a um referendo sobre a UE.

Na Escócia, o Partido Nacional Escocês (SNP) está animado com o avanço previsto nas pesquisas ; de 6 a 50 deputados em Londres ; e insiste que o apoio passa pelo fim dos cortes e o aumento do financiamento da saúde pública.

Para o UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) não existirá apoio sem o referendo de saída da UE. O partido atribui ao bloco comunitário o que considera o grande problema do país: a imigração.

- Eu ou o caos -
"Este é o início de uma semana em que o Reino Unido decidirá seu futuro. Na sexta-feira vocês terão Ed Miliband ou eu como primeiro-ministro. O dilema é tão simples como inevitável. Eu, à frente de um governo forte e estável, ou ele: o caos de ser refém do Partido Nacional Escocês", afirmou Cameron nesta segunda-feira.

O chefe de Governo declarou que uma coalizão entre os trabalhistas e os nacionalistas escoceses provocaria a disparada dos gastos públicos e da dívida nacional. "No centro de nosso plano está reduzir os impostos de 30 milhões de pessoas", prometeu.

Ao falar sobre a UE, o primeiro-ministro insistiu na semana passada que tem capacidade de recuperar algumas das competências cedidas a Bruxelas e então questionar os britânicos. "Os britânicos merecem um referendo para decidir se ficam em uma União Europeia reformada ou saem. Não vou liderar um governo que não honre esta promessa. É inegociável".

- Primeiro mandamento de Miliband: não governar com os nacionalistas escoceses -
No caso de vitória, os trabalhistas instalarão no jardim de Downing Street uma grande pedra com seis promessas gravadas, anunciou Miliband, o que provocou comparações com Moisés e as tábuas dos 10 mandamentos.

Entre as promessas está a de proporcionar mais qualidade de vida para as famílias de trabalhadores, uma saúde pública que dedique aos pacientes o tempo necessário, controle da imigração e um país no qual a próxima geração tenha uma vida melhor que a atual. "Estou absolutamente decidido a mudar a maneira como funciona nosso país", afirmou Miliband durante um evento no qual revelou o primeiro monumento-programa da história britânica.

Mas a promessa que ele repete sem parar não aparece na pedra: "Não vou chegar a nenhum acordo com o SNP".

"E se isto significa que não vamos estar no governo, que seja assim", disse Miliband ao responder a pergunta de um eleitor na BBC.

- Pesquisas não mudam -
"A pesquisa das pesquisas" da BBC - a média de várias sondagens - mostra um empate de 33% no apoio a trabalhistas e conservadores, com o UKIP (14%) em terceiro lugar, seguido por democrata-liberais (9%), Verdes (5%) e outros (5%), incluindo o SNP.

Segundo uma projeção da Sky News, que leva em consideração as particularidades do sistema britânico, is percentuais seriam traduzidos em 280 deputados para os conservadores, 271 para os trabalhistas, 55 para o SNP, 17 para os democrata-liberais e 2 para o UKIP.

Para obter a maioria absoluta são necessários 326 deputados, o que significa que uma disputa intensa.

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