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Soldados israelenses acusam seu exército de uso indiscriminado da força

No documento, que compila os testemunhos anônimos de mais de 60 oficiais e soldados que participaram na guerra de julho-agosto de 2014

Agência France-Presse
postado em 04/05/2015 20:57
Uma organização israelense publicou nesta segunda-feira um documento no qual soldados de Israel acusam seu próprio exército de ter causado um número de vítimas civis sem precedentes ao recorrer ao uso indiscriminado da força durante a guerra na Faixa de Gaza em 2014.

No documento, que compila os testemunhos anônimos de mais de 60 oficiais e soldados que participaram na guerra de julho-agosto de 2014, a "Romper o silêncio", denuncia uma centena de casos de mal comportamento imputáveis em boa parte ao princípio de "risco mínimo", adotado pelo exército israelense para proteger seus soldados.

"Esse princípio e os esforços empregados contra os combatentes palestinos causaram à população e sobre as infraestruturas civis um número de vítimas e desgastes sem precedentes", afirma a "Romper o silêncio", que oferece aos soldados israelenses uma plataforma na qual podem se expressar sob anonimato. Esse instrumento de denúncia transformou-se em uma fonte de preocupação para as autoridades israelenses.

Entre os testemunhos recolhidos, há, por exemplo, o de um soldado que relatou que duas mulheres foram abatidas por estarem muito perto da linha de fronteira israelense. Após a inspeção dos corpos, verificou-se que elas não estavam armadas. "Foram registradas como terroristas. Apontaram-lhes (as armas) e dispararam (contra elas), então evidentemente tinham que ser terroristas", desabafou o soldado.

Em resposta às denúncias, o exército israelense disse que pediu à "Romper o silêncio" que lhe fornecesse provas ou informações a respeito dos fatos denunciados para poder investigá-los. A organização, contudo, teria negado o pedido, o que, segundo o exército, coloca em dúvida suas intenções.

Este documento é publicado no momento em que a atuação dos soldados israelenses durante a guerra de julho-agosto de 2014 continua sendo examinada pela ONU. Os palestinos querem levar os dirigentes israelenses à justiça internacional, por crimes de guerra. O exército de Israel também conduz suas próprias investigações.

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