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Catar construirá alojamentos para abrigar 250 mil trabalhadores imigrantes

As autoridades afirmaram nesta terça-feira que os sete alojamentos serão concluídos em 2016 e que o maior deles, concebido para receber 70.000 pessoas

Agência France-Presse
postado em 05/05/2015 19:44
O Catar irá construir sete "cidades" para abrigar os mais de 250.000 imigrantes encarregados de construir a infraestrutura do país, incluindo os estádios para a Copa do Mundo de 2022.

As autoridades afirmaram nesta terça-feira que os sete alojamentos serão concluídos em 2016 e que o maior deles, concebido para receber 70.000 pessoas e equipado com um estádio de críquete de 24.000 lugares, receberá os primeiros moradores nas próximas semanas.

Este anúncio acontece num contexto de críticas repetidas em relação à qualidade dos alojamentos fornecidos pelo Catar aos numerosos trabalhadores imigrantes, que as próprias autoridades do Catar reconhecem viver em má condições de vida.

No total, 258.000 trabalhadores, o que representa cerca de 25% da população estrangeira ativa no país, viverão nesses novos alojamentos, espalhados por todo o Emirado.

O ministro do Trabalho e de Assuntos Sociais, Abdullah ben Salek al-Khoulaifi, declarou à AFP que essas obras representam "o futuro".

"Eu sei que nosso povo quer alojamentos melhores para esses trabalhadores", afirmou, lembrando que o Catar duplicou o número de pessoas encarregadas de inspecionar os alojamentos.

As autoridades não informaram o custo total das obras, mas a maior "cidade", chamada de "Labour City" (Cidade do trabalho) custou 850 milhões de dólares, contem 55 batimentos, uma clínica médica e a segunda maior mesquita do Catar.

Num complexo da cidade industrial de Doha, onde o governo organizou uma visita recentemente, os jornalistas puderam descobrir as condições de vida insalubres dos imigrantes.

No alojamento visitado, um pequeno quarto precário, oito trabalhadores vivem apertados, com os pertences jogados sob pequenas beliches. Ao fim de um longo corredor sórdido, os jornalistas encontraram uma cozinha imunda.

Hassan, oriundo de Gana, onde vivem a mulher e os dois filhos, afirma ter sido enganado por um agente, que prometeu 900 dólares por mês no Catar. "Na verdade, ganhamos 900 rials", o equivalente a 250 dólares, explica este trabalhador de 34 anos.

Segundo Nicholas McGeehan, da ONG Human Rights Watch, o plano do governo em relação aos novos alojamentos é "um passo útil", mas "o grande problema do Catar continua sendo o sistema de direitos dos trabalhadores, não de habitação".

"O problema é o mecanismo de controle que concede um poder exorbitante aos empregadores", garante.

Nesta semana, o ministro afirmou ter esperança de conseguir modificar as leis do trabalho no Catar, onde um trabalhador imigrante é praticamente uma propriedade do empregador, o que diversas ONGs consideram ser um tipo de escravidão moderna.

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