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Generais e guerrilheiros colombianos preparam o fim do conflito

O conflito colombiano deixou 220.000 mortos e 5,5 milhões de deslocados, segundo números oficiais

Agência France-Presse
postado em 06/05/2015 16:00
Generais colombianos e guerrilheiros das Farc iniciaram, nesta quarta-feira, uma sessão de trabalho de três dias para delinear o fim do conflito armado, enquanto as negociações simultâneas sobre a reparação das vítimas parecem estagnadas.

"Começamos hoje três dias com a subcomissão do fim do conflito", que deve delinear os passos para silenciar as armas após meio século, disse à imprensa uma fonte da equipe de governo colombiano em Havana.

A fonte confirmou, ainda, que terminaram as sessões de trabalho (também de três dias) de outra equipe conjunta que prepara os protocolos para iniciar a limpeza dos campos minados "o quanto antes", com a participação de uma agência especializada norueguesa.

"As subcomissões (de desarmamento e retirada de minas) são as que mais avançaram" nas últimas semanas de diálogos, afirmou a fonte, admitindo que está "ainda bastante longe" um acordo parcial sobre as vítimas, que os negociadores das duas partes discutem há nove meses.

O tema que paralisa o ponto sobre as vítimas é o da "justiça transicional", pois as Farc se negam a selar um acordo que represente risco de prisão para os guerrilheiros, segundo as duas partes.

O conflito colombiano deixou 220.000 mortos e 5,5 milhões de deslocados, segundo números oficiais.

Nova diálogo exploratório com o ELN


As negociações do governo e das Farc começaram em novembro de 2012 e até agora as partes acertaram três dos seis pontos da agenda: reforma agrária (maio de 2013), participação política (novembro de 2013) e drogas ilícitas (maio de 2014). A retirada de minas, acertada em março passado, não consta da agenda original.

Além dos desacordos sobre a justiça, as negociações enfrentam um complexo cenário desde 15 de abril, quando guerrilheiros mataram 11 militares em uma emboscada em meio a uma trégua unilateral por tempo indeterminado declarado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha do país.

O ataque motivou críticas ao processo de paz e elevou as tensões entre as equipes negociadoras, mas não afetou o trabalho das subcomissões sobre desarmamento e retirada de minas, segundo as duas partes.

Paralelamente, esta semana é celebrada no Equador uma reunião exploratória (a quarta do ano) entre o governo de Juan Manuel Santos e o Exército de Libertação Nacional (ELN), a outra guerrilha esquerdista colombiana, com vistas a iniciar negociações formais de paz, informaram à AFP diplomatas em Havana.

"Esperamos guerrilheiro preso nos EUA"

As Farc disseram nesta quarta-feira, por sua vez, que "as vítimas têm o direito de ser ressarcidas, mas reiteraram suas acusações de que o Estado colombiano é o "máximo responsável" pela violência armada e, portanto, pelas vítimas.

"Será preciso esclarecer a verdade sobre o ocorrido ao longo do conflito, inclusive as múltiplas causas, origens e efeitos", disse à imprensa Ricardo Téllez, delegado das Farc.

As duas partes estão de acordo em criar uma "Comissão da Verdade" como parte do ponto sobre as vítimas.

Além disso, "em Havana continuamos esperando Simón Trinidad", um guerrilheiro preso nos Estados Unidos, disse Téllez.

Um encarregado do Departamento de Estado americano disse na terça-feira desconhecer iniciativas para repatriar Trinidad, que foi nomeado pelas Farc um de seus delegados de paz em 2012.

Trinidad foi extraditado em 2004 para os Estados Unidos e condenado a 60 anos de prisão pelo sequestro de três americanos na Colômbia.

Este ciclo de diálogos, o trigésimo sexto, terminará na sexta-feira a especula-se que as partes poderão anunciar neste dia o início da retirada de minas.

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