Mundo

Bombardeio contra as Farc matou cerca de 26 guerrilheiros na Colômbia

O balanço anterior citava 18 mortos e dois feridos no bombardeio e combate posterior em um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)

Agência France-Presse
postado em 22/05/2015 12:16

Havana - A morte de 26 guerrilheiros das Farc em um bombardeio militar na Colômbia abalou o processo de paz realizado em Havana, de onde a guerrilha anunciou o fim do cessar-fogo unilateral em meio às negociações. A operação militar contra um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ocorreu

na quinta-feira no município de Guapí, Cauca, 480 km a sudoeste de Bogotá, um reduto deste grupo rebelde.

"Os resultados preliminares desta operação são 26 baixas e um menor de idade recuperado", além de 37 fuzis e uma metralhadora apreendidos, disse Santos em um pronunciamento feito no palácio de Nariño, sede da Presidência, cercado pela cúpula militar.

Para o presidente, esta foi uma "ação legítima do Estado, em defesa e proteção dos cidadãos".

A guerrilha comunista reagiu em Havana, onde na quinta-feira teve início a trigésima sétima rodada de negociações de paz, com o anúncio da suspensão da trégua unilateral decretada por ela em dezembro.

O governo de Santos e as Farc celebram desde novembro de 2012 um processo de paz com uma mesa de diálogo em Havana, sem que na Colômbia tenha sido decretado um cessar-fogo bilateral.

"Não estava em nossa perspectiva a suspensão da determinação do cessar-fogo unilateral e indefinido proclamado (...), mas a incoerência do governo Santos conseguiu isso, depois de 5 meses de ofensivas terrestres e aéreas contra nossas estruturas em todo o país", indicou a guerrilha em seu blog.

Na mesma região, há pouco mais de um mês, uma emboscada guerrilheira deixou 11 militares mortos, um ataque que abalou a sociedade colombiana, cada vez mais desconfiada do êxito do processo de paz.

As Farc classificaram esta emboscada de "defensiva" e Santos autorizou na época o reinício dos bombardeios contra a guerrilha, que haviam sido suspensos em março em sinal de boa vontade no âmbito do processo de paz.

Paz, o único caminho

A tentativa de diminuir as tensões pelo conflito sem alcançar um cessar-fogo definitivo durante os diálogos de paz não deu os frutos esperados, segundo Jorge Restrepo, diretor do Centro de Recursos para Análises de Conflitos (Cerac).

Os fatos demonstram que "a violência afeta o processo e não permite que as partes avancem", encalhadas na negociação e atualmente em uma "crise muito séria", disse Restrepo à AFP.

Segundo o analista, é o momento de "entrar em acordo muito rapidamente sobre um cessar-fogo definitivo" e, para isso, seria útil "a pressão internacional".

Santos se negou até o momento a declarar uma trégua para evitar um fortalecimento da guerrilha durante os diálogos de paz.

"Desde o dia em que as negociações de Havana começaram fui muito claro que as operações de nossas Forças Armadas contra a subversão não se deteriam e não se deterão", insistiu o presidente.

Nesta sexta-feira foi suspensa no último minuto uma reunião conjunta em Havana das delegações do governo e das Farc, na qual eram esperadas informações sobre o início do processo de retirada das minas acordado em março, informou à AFP um funcionário da chancelaria cubana.

No entanto, as duas delegações voltarão a dialogar no sábado, como estava previsto.

Santos, promotor das negociações que ocorrem desde novembro de 2012 em Cuba para terminar com mais de 50 anos de conflito armado, fez um apelo buscando acelerar as negociações.

Até agora as partes alcançaram acordos parciais em reforma agrária, participação política e drogas ilícitas, mas ainda precisam entrar em consenso sobre o tema das vítimas, o desarmamento e o fim do conflito, assim como o mecanismo para endossar um eventual pacto final.

O conflito armado colombiano, no qual além das guerrilhas contou com a participação de paramilitares, deixou ao menos 220.000 mortos e mais de seis milhões de deslocados, segundo números oficiais.



Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação