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Ex-ditador Bouterse busca permanecer no poder no Suriname

Bouterse, que em 2010 se tornou presidente do Suriname (ex-Guiana Holandesa), buscará um segundo mandato de cinco anos

Agência France-Presse
postado em 25/05/2015 20:32

O Suriname realiza nesta segunda-feira eleições gerais nas quais o controverso presidente Desi Bouterse, condenado por tráfico de drogas, busca permanecer no poder.

Bouterse, que em 2010 se tornou presidente do Suriname (ex-Guiana Holandesa), buscará um segundo mandato de cinco anos no menor país da América do Sul.

O presidente, que dirigiu o Suriname de forma intermitente desde 1980 depois de liderar um golpe de Estado, tentará prescindir da aliança que formou nas últimas eleições, em 2010, com seu outrora adversário, Ronnie Brunswijk, e formar pela primeira vez na história do país um governo democrático sem a necessidade de uma coalizão.

Para isso, precisa de 26 dos 51 assentos do Parlamento do Suriname, e 34 para ser reeleito presidente, ou seja, dois terços da Câmara.

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O presidente em funções foi recebido por uma multidão de simpatizantes quando chegou para votar em uma escola da capital, Paramaribo."Assim que o povo se pronunciar, começará o trabalho de verdade. Continuaremos com a nossa política, fazendo alguns ajustes. Ainda resta muito trabalho a fazer", declarou Bouterse, após votar.

Seu principal adversário é Chan Santokhi, líder da V7, uma coalizão de seis partidos que o acusa de corrupção maciça e conta com uma ampla base étnica neste país racialmente diverso cujos 539.000 habitantes têm raízes em Ásia, África, Europa e América. "Fizemos uma campanha forte e estamos convencidos de que vamos obter a maioria para governar", disse Santokhi, ao depositar seu voto.

O terceiro grupo majoritário é a aliança Combinação Alternativa, liderada por Brunskwijk, um ex-líder guerrilheiro que combateu com as armas o governo militar de Bouterse antes de se unir ao seu antigo inimigo em 2010.
Um ditador transformado em presidente

Figura controversa, o comandante Desi Bouterse, de 69 anos, tomou o poder desta ex-colônia primeiro britânica e depois holandesa cinco anos após sua independência, em 1975.

Instaurou uma ditadura militar, dirigiu o país até 1987, antes de conduzir um segundo golpe de Estado para um breve retorno ao poder, até 1991.

Em 1982, sufocou duas tentativas de derrubá-lo do poder e executou 15 opositores, um fato que entrou para a história como "Os assassinatos de dezembro".

Sua história pessoal sofreu uma guinada radical, com sua condenação em junho de 2000, na Holanda, a 11 anos de prisão, à revelia, por tráfico de cocaína.

Procurado pela Interpol, foi eleito em 2010 presidente do Suriname, o que lhe deu imunidade. Em 2012, reforçou sua proteção quando o Parlamento votou uma lei de anistia, que anulou as acusações contra ele pelos "assassinatos de dezembro".

Embora seus problemas judiciais tenham desaparecido, os de seu filho - condenado em março deste ano a mais de 16 anos de prisão pela justiça federal americana, por tráfico de armas e de cocaína, entre outros crimes - alimentam a reputação de um país considerado um paraíso do narcotráfico, da lavagem de dinheiro e da corrupção.

Mas tudo isto não impede Bouterse de gozar de uma popularidade importante, fruto de seus programas de bem-estar social, educação universitária gratuita e construção de escolas e moradias.

No total, sete partidos e quatro coalizões disputam os votos dos 350.000 eleitores registrados, que também elegerão representantes locais. As seções de votação abriram às 07H00 locais (mesma hora em Brasília) e a previsão é de que fechassem 12 horas depois.

Os primeiros resultados parciais seriam divulgados às 19H00 (locais e em Brasília) e os resultados definitivos deverão ser anunciados na terça-feira.

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