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Justiça japonesa concorda com punição a professores por não cantarem hino

O primeiro-ministro Shinzo Abe, nacionalista, convocou no mês passado o respeito à prática de entoar o hino nas escolas de ensino fundamental e médio e nas universidades públicas

Agência France-Presse
postado em 26/05/2015 09:50
Tóquio, Japão - A justiça japonesa ordenou que as autoridades indenizem os professores penalizados por terem se negado a entoar o hino nacional, informaram nesta terça-feira (26/5) os interessados, preocupados pelo aumento do nacionalismo no sistema educacional. Um tribunal de Tóquio condenou o município a pagar 537 milhões de ienes (4,5 milhões de dólares) aos demandantes, 22 ex-professores do ensino médio.

[SAIBAMAIS]Sua indisciplina lhes custou caro: não foram contratados novamente depois de alcançar a idade de aposentadoria, como prevê, no entanto, um programa especial. O "Kimigayo", hino nacional japonês desde o fim do século XIX, cuja letra está dedicada ao imperador do Japão, é para alguns um canto à glória do militarismo. "É preciso ser prudente antes de punir alguém porque atua seguindo suas próprias convicções", considerou o juiz Toru Yoshida, segundo a rede de televisão pública NHK.

A administração da metrópole de Tóquio "abusou de seu poder", acrescentou, lembrando que os professores não perturbaram o desenvolvimento das cerimônias de entrega de diplomas nas quais se negaram a cantar o hino.



Eishun Nagai, de 68 anos, um dos docentes envolvidos, comemorou uma "grande decisão que pode dar um pouco de ar aos professores". "Depois de nossa sanção, se sentiam ameaçados e não se atreviam a expressar suas opiniões aos seus superiores", disse, denunciando "uma educação do Estado, como ocorria até o fim da guerra".

O primeiro-ministro Shinzo Abe, nacionalista, convocou no mês passado o respeito à prática de entoar o hino nas escolas de ensino fundamental e médio e nas universidades públicas. Em 2012, o Tribunal Supremo decidiu que não era anticonstitucional punir os professores por se negarem a cantar, mas advertiu que o castigo mais severo não deveria superar uma simples reprimenda.

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