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Negociações sobre programa nuclear se prolongam e entram em "fase crítica"

O anúncio da esperada continuação das negociações foi confirmado por uma fonte iraniana, afirmando que "há muito trabalho por fazer"

Agência France-Presse
postado em 28/06/2015 11:46
Vienna - As negociações com o Irã foram prorrogadas para além do prazo inicialmente fixado de 30 de junho e entram neste domingo em Viena em uma "fase crítica" para selar um acordo que impeça Teerã de fabricar armas nucleares.

O anúncio da esperada continuação das negociações foi confirmado por uma fonte iraniana, afirmando que "há muito trabalho por fazer".

O ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, foi mais direto e, ao chegar em Viena neste domingo, insistiu que é "melhor um ;não; a um acordo que um acordo ruim".

"Eu já disse várias vezes e vou fazê-lo novamente hoje, é melhor não a um acordo do que um acordo mal feito. Há linhas vermelhas que não podemos atravessar, e cada um de nós deve tomar decisões muito difíceis", afirmou Hammond.

Seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, vai voltar neste domingo a Teerã para consultas antes de retornar à mesa de negociações na capital austríaca.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, alertou que a hora das decisões "políticas" chegou para estas desgastantes negociações iniciadas há 20 meses entre Teerã e as potências do P5%2b1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, China, França e Alemanha).

"É uma questão de vontade política. Caso todas as partes demonstrem vontade política, conseguiremos", declarou Mogherini ao chegar a Viena.

"Obviamente, estamos em fase crítica", afirmou um diplomata ocidental. "Nos últimos dias aumentou a tensão, mas era previsível que isso fosse ocorrer".

O objetivo da negociação é chegar a um acordo histórico que limite o programa nuclear iraniano e impeça que a República Islâmica se dote de arma nucleares.

Inicialmente, esse objetivo deveria ser alcançado na terça-feira, 30 de junho, data-limite para as partes sobre a base do acordo-quadro alcançado em Lausanne em 2 de abril.

Mas, apesar deste projeto de acordo e como longas negociações, as posições ainda parecem distantes em vários pontos cruciais.

O próprio secretário de Estado norte-americano, John Kerry, reconheceu a repórteres que, embora continue "esperançoso", ainda há "um monte de trabalho duro pela frente".

- Condições ;indispensáveis; -

Espera-se que um acordo acabe com o impasse que prevalece desde 2002 e ameaçou tornar-se uma guerra e envenenou as relações entre a República Islâmica e o mundo exterior.

Mas qualquer acordo terá que se submeter a um intenso escrutínio dos setores "duros" no Irã e nos Estados Unidos, bem como os rivais regionais do país persa, como Israel e Arábia Saudita.

De acordo com o acordo-quadro Lausanne, o Irã reduziu em mais de dois terços o número de centrífugas para enriquecer urânio, que pode produzir combustível para centrais nucleares ou armas nucleares de base e reduzir as suas reservas de urânio por 98%.

O Irã também concordou em mudar o projeto de um reator em Arak planta para que ela não possa produzir plutônio para armas nem usar a usina de Fordo - construída sob uma montanha para protegê-la de qualquer ataque - para enriquecer urânio.

Em troca, busca a retirada imediata das sanções da UE, Estados Unidos e Nações Unidas que têm sobrecarregado a economia e limitado o acesso aos mercados mundiais de petróleo.

Mas na terça-feira, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, traçou as "linhas vermelhas" para um acordo final que parecem ir de encontro ao acordado em Lausanne e, entre outras condições, expressou sua recusa às inspeções dos locais militares iranianos.

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