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Conheça Mulá Omar, junto a Osama Bin Laden, um dos rostos do terror

Omar não fazia nenhuma declaração em vídeo, mas discursos atribuídos a ele são lidos pelo porta-voz oficial do Talibã ou transmitidos pela internet

Agência France-Presse
postado em 29/07/2015 14:38
Cabul, Afeganistão - O misterioso mulá Omar, líder histórico dos talibãs afegãos, era um combatente de origem humilde que liderou um dos regimes mais rigorosos da história muçulmana antes de ser caçado pelo Ocidente em função dos atentados de 11 de setembro.

O comandante talibã, reconhecível em fotografias antigas em preto e branco com barba, turbante e olho perfurado, passou a ser conhecido no Ocidente ao impor em seu reinado (1996-2001) um tratamento brutal contra as mulheres, destruindo os Budas gigantes de Bamiyan e proibindo música e televisão.

O nome do líder do Talibã, chamado de "comandante dos fiéis" por seus seguidores, tornou-se, em seguida, sinônimo de "terror" por acolher no Afeganistão Osama bin Laden, o arquiteto dos ataques em Nova York e Washington e líder da Al-Qaeda, grupo que enfrenta hoje a competição no Oriente Médio do Estado Islâmico (EI).

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Expulso do poder no final de 2001 por uma coalizão militar liderada por Washington, o discreto mulá Omar se refugiou, de acordo com várias fontes, no vizinho Paquistão, entre Karachi (sul) e Quetta (sudoeste), onde viveria sob a proteção - ou controle - dos serviços de inteligência locais.

Mas nos últimos meses, rumores sobre sua morte intensificaram-se entre os círculos jihadistas na região, empurrando muitos comandantes a deixar o Talibã e apoiar abertamente o EI, alimentando a ansiedade entre os quadros talibãs.

Desta forma, nesta quarta-feira, dois quadros, um do governo afegão e outro talibã, anunciaram anonimamente sua morte. A notícia foi confirmada por uma fonte dos serviços secretos afegãos.

Em uma tentativa de parar a crescente influência do EI na região e conter os rumores sobre sua morte, o Talibã publicou em abril passado uma biografia de seu líder.

Apesar do fato de "ser constantemente acossado pelo inimigo, nenhuma alteração ou perturbação foi observada em seus hábitos", diz o texto que apresenta o mulá Omar como um "supervisor" das atividades di Talibã na luta contra as forças governamentais estrangeiras e afegãs.

Embalado por anedotas de combate, este texto indica que o RPG-7, um lançador de granadas de frabricação russa, é a "arma preferida" do mulá Omar.

Os Estados Unidos ofereciam dez milhões de dólares por informações que levassem à sua captura.

Contra os soviéticos e americanos

Nascido em 1960, de acordo com esta biografia, Mohammad Omar cresceu em Kandahar (sudoeste) em uma família de camponeses pobres do ramo Ghilzai do povo pashtun, que vive na fronteira entre o sul do Afeganistão e o Paquistão.

Mais tarde, frequentou uma escola corânica famosa no Paquistão, de onde saiu para se juntar à luta contra as tropas soviéticas que invadiram o Afeganistão em 1979.

Naquela época, o mulá Omar não passava de um jovem combatentes sem graduação e sem licenciatura em teologia, permanecendo em Sangesar, uma aldeia perto de Kandahar.

Durante os combates contra os soviéticos e o governo afegão aliado a Moscou, ele foi ferido quatro vezes e perdeu o seu olho direito.

No início dos anos 90, após a retirada das forças soviéticas, ele se tornou o líder religioso do vilarejo e passou a doutrinar jovens islamitas atraídos por suas façanhas militares, um grupo que deu origem a um novo movimento, o Talibã, treinado e apoiado por oficiais do Exército paquistanês.

Em 1994, este movimento islâmico armado tomou o controle da província de Kandahar em um país que acabava de entrar em uma guerra civil.

Dois anos depois, o Talibã marchou em Cabul, executando o presidente Mohammad Najibullah e impondo seu fundamentalismos antes de receber Bin Laden, expulso do Sudão.

Ao contrário deste último, morto em maio de 2011 em um ataque da CIA no Paquistão, mulá Omar não fazia nenhuma declaração em vídeo, mas discursos atribuídos a ele são lidos pelo porta-voz oficial do Talibã ou transmitidos pela internet.

Hoje, a pressão é mais forte do que nunca sobre o Talibã, de quem exigem que apresentem "provas" de que seu líder supremo ainda está vivo.

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