Mundo

China organiza desfile militar imponente para recordar a rendição japonesa

Durante celebração, o presidente Xi Jinping afirmou que o país não buscará jamais a hegemonia, como também não busca sua ampliação

Agência France-Presse
postado em 03/09/2015 13:31
Quase 12 mil soldados e 500 veículos iniciaram em seguida o desfile militar

A Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim foi cenário de um imponente desfile militar para celebrar o 70; aniversário da rendição japonesa na II Guerra Mundial, um evento que permitiu à "China voltar a ser um grande país no mundo", afirmou o presidente Xi Jinping. "A vitória total na guerra antijaponesa transformou novamente a China em um grande país no mundo", declarou o presidente, antes de anunciar uma redução do número de oficiais do Exército Popular de Libertação (EPL), o maior do mundo.

"A China não buscará jamais a hegemonia, como também não busca sua ampliação. Nunca imporá sofrimentos trágicos a outras nações", afirmou Xi, antes de passar as tropas em revista. "Anuncio aqui que a China reduzirá seus efetivos militares em 300 mil homens", declarou Xi Jinping, que discursou do alto da Porta da Paz Celestial, onde Mao Tse-tung proclamou o nascimento da China Popular, em 1; de outubro de 1949.

Composto por 2,3 milhões de homens, o EPL sofreu importantes reduções de efetivos no passado, especialmente sob a presidência de Jiang Zemin, em troca de sua modernização e um considerável aumento do orçamento. Quase 12 mil soldados e 500 veículos iniciaram em seguida o desfile militar, que contou ainda com 200 aviões e helicópteros, símbolos da força crescente da China no cenário internacional.

Ausência de líderes ocidentais
A população não estava presente na cerimônia, que foi transmitida ao vivo pela televisão, mas estava reservada para convidados selecionados cuidadosamente. O governo decretou feriado e a capital da China, praticamente deserta, estava sob um grande dispositivo de segurança. "Estou decepcionado. Claro que por um lado estou orgulhoso, sou chinês, mas acredito que as pessoas teriam ficado mais envolvidas se pudessem ver os soldados e os tanques", declarou à AFP o tradutor Zhao Yufeng.



[SAIBAMAIS]Os principais líderes das democracias ocidentais, especialmente o presidente americano, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, declinaram o convite ao desfile, assim como o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que estimula uma revisão da política pacifista do Japão, o que irrita o governo chinês.

O Japão, irritado com a retórica antijaponesa em torno do desfile, declarou nesta quinta-feira estar decepcionado pela falta de sinais de aproximação no discurso pronunciado pelo presidente chinês. "Tóquio havia pedido a Pequim para que garantisse que o acontecimento não fosse antijaponês e que contivesse elementos de aproximação entre Japão e China. É decepcionante que tais elementos não se encontrem no discurso de hoje do presidente Xi Jinping", declarou o porta-voz do governo nipônico, Yoshihide Suga.

O presidente russo, Vladimir Putin, compareceu e ficou ao lado de Xi Jinping, que visitou Moscou em maio para um desfile similar, que também não contou com a presença das autoridades ocidentais, uma consequência do conflito na Ucrânia. Com o governo de Xi Jinping, a China tenta afirmar-se com a modernização das Forças Armadas, o que provoca momentos de tensão com os vizinhos do Mar da China. John Delury, especialista em China da Universidade Yonsei de Seul, afirmou à AFP que a participação limitada de dirigentes estrangeiros nas celebrações chinesas é motivada pelo fato de ser um "acontecimento muito militarista e nacionalista".

Demonstração militar
Durante o desfile foram apresentados vários equipamentos, incluindo uma dezena de mísseis balísticos DF-21D, chamados de "assassinos de porta-aviões", segundo imagens exibidas pela televisão estatal. Este projétil provoca muitas especulações nos meios militares sobre sua capacidade de modificar a correlação de forças no Oceano Pacífico, área tradicional da 7; Frota americana. Mas uma porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, afirmou que as tropas do país estão voltadas para a paz. "Quanto mais fortes, mais condições terão para garantir a paz mundial", disse.

O exército chinês atuou na guerra da Coreia (1950-1953) para salvar o regime de Pyongyang, depois contra a Índia (1962) e Vietnã (1979), antes de intervir contra a revolta pró-democracia de estudantes na Praça da Paz Celestial em 1989. Quase mil soldados estrangeiros, incluindo um destacamento russo, participaram do desfile.

A presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, cujo país foi colonizado pelo Japão, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estavam entre os convidados. O único representante das grandes diplomacias ocidentais presente no desfile foi o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.

A China organiza tradicionalmente um grande desfile militar a cada 10 anos, mas coincidindo com o aniversário de sua fundação, no dia 1; de outubro de 1949. O Japão invadiu a China em 1937, o que provocou uma guerra que terminou com entre 15 a 20 milhões de chineses mortos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação