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Morador de Budapeste relata drama dos imigrantes na capital húngara

Muitos húngaros estão tentando ajudar. Alguns dão água, outros dão comida, ou mesmo roupas e calçados

Rodrigo Craveiro
postado em 04/09/2015 07:00

Muitos húngaros estão tentando ajudar. Alguns dão água, outros dão comida, ou mesmo roupas e calçados

Todos os dias, o estudante de engenharia Marcell Szücs, 20 anos, utiliza o trem na estação ferroviária Keleti, a principal da capital húngara. Morador de Budapeste, ele deu o seguinte depoimento ao Correio sobre o fato de 2 mil refugiados, em sua maioria sírios, aguardarem na plataforma uma chance de embarcarem rumo à Alemanha. Marcell também fez várias fotos em Keleti, duas das quais estão nesta página.

"Sou um passageiro diário de Keleti. No fim da última semana, já havia imigrantes aguardando trens para embarcar para o oeste da Europa. Como você deve saber, na segunda-feira, um trem deixou a estação com imigrantes. No dia seguinte, porém, a plataforma foi fechada pela polícia. Foi reaberta nesta quinta-feira, e os refugiados entraram no local. No entanto, funcionários avisaram que nenhum trem partiria para o oeste da Europa.

Agora, as pessoas aguardam o mais perto que podem dos trilhos. Muitos húngaros estão tentando ajudar. Alguns dão água, outros dão comida, ou mesmo roupas e calçados. Há muitos policiais, mas no geral são gentis e nem mesmo eles sabem o que está acontecendo.

Muitos húngaros estão tentando ajudar. Alguns dão água, outros dão comida, ou mesmo roupas e calçados
Acredito que as autoridades de meu país estejam tentando fazer uma manobra de marketing com a ajuda de imigrantes. Elas construíram uma cerca na fronteira, que não tem utilidade alguma. Nesta quinta-feira, cruzaram uma linha, ao permitir que os imigrantes entrassem num trem que estava indo para um campo de refugiados, em vez da Alemanha.

Eu concordo que esta é uma crise séria. No entanto, como parte da União Europeia e do espaço Schengen (acordo que rege o livre trânsito entre fronteiras), nós temos de trabalhar juntos. Quase todos tomaram parte em acolher os imigrantes, à exceção da Hungria. Essas pessoas estão em perigo. O mínimo que podemos fazer, como uma nação, é dar a elas informação. A longo prazo, não tenho ideia. Sou apenas um estudante com uma câmera nas mãos."

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