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Primeiro debate presidencial na Argentina marcado por ausência do favorito

Pela primeira vez na história da democracia argentina, foi realizado no domingo um debate presidencial com os principais candidatos às eleições de 25 de outubro

Agência France-Presse
postado em 05/10/2015 10:19
Buenos Aires, Argentina - A ausência do candidato governista Daniel Scioli, favorito para as eleições deste mês na Argentina, no primeiro debate presidencial do país despertou um coro de críticas, enquanto os outros cinco aspirantes discutiram propostas sobre economia, educação e segurança.

Pela primeira vez na história da democracia argentina, foi realizado no domingo um debate presidencial com os principais candidatos às eleições de 25 de outubro.

Visivelmente nervosos no início, participaram do encontro de duas horas o prefeito de Buenos Aires, o conservador Mauricio Macri, o ex-governista Sergio Massa, o peronista opositor Adolfo Rodríguez Saá, a progressista Margarita Stolbizer (centro-esquerda) e o esquerdista Nicolás del Caño.

"Hoje o que Scioli fez foi uma piada. Seu silêncio é uma piada para a sociedade e o que peço é que o tempo que me resta seja em silêncio", lançou Massa quando recebeu a oferta de usar os 30 segundos que correspondiam ao político ausente.

Cada um dos candidatos criticou o candidato governista classificando-o de fantasma, como Stolbizer, e concordaram ao considerar sua ausência como "uma falta de respeito com os cidadãos".

Os aspirantes a suceder a presidente Cristina Kirchner, no poder desde 2007 e reeleita em 2011, foram consultados sobre desenvolvimento econômico e humano, educação e infância, segurança e direitos humanos, e fortalecimento democrático.

Com uma montagem similar aos debates das campanhas nos Estados Unidos, o encontro foi projetado como uma iniciativa plural, multissetorial e não partidária, indicou a ONG Argentina Debate.

O evento na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires se converteu no tema mais comentado na rede social Twitter, e foi transmitido ao vivo pelos principais jornais do país, La Nación e Clarín, assim como por redes de televisão privadas. No entanto, a televisão pública não interrompeu sua programação do torneio de futebol local.

Poucas horas antes deste encontro, Scioli disse que "os debates assumem muitas vezes um tom de agressão e isso não corresponde ao espírito do que as pessoas esperam", justificou em declarações ao canal América TV.

No domingo uma nova pesquisa voltou a mostrar Scioli como o favorito (38,6%) e com possibilidades de vencer no primeiro turno, ao superar por mais de 10 pontos o segundo, Mauricio Macri (27,6%), segundo a consultora Management & Fit. Sergio Massa, da Frente Renovadora, tem uma intenção de voto de 21,5%.

Após o fim do debate, os canais que o transmitiram comemoravam o grande rating alcançado, o tema seguia como favorito nas redes sociais e os analistas se perguntavam o quanto a candidatura de Scioli será afetada com a foto de seu lugar vazio no debate.

Em 20 dias os argentinos decidirão por um novo presidente após 12 anos de um projeto de centro-esquerda iniciado pelo falecido Néstor Kirchner em 2003 e levado adiante por sua esposa em 2007.

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