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Rússia apoia ofensiva terrestre síria; Otan expressa preocupação

O general sírio Ali Abdullah Ayub afirmou que o exército havia lançado uma vasta ofensiva visando esmagar os grupos terroristas

Agência France-Presse
postado em 08/10/2015 12:04
O exército sírio avançou nesta quinta-feira (8/10) em sua ofensiva lançada em várias frentes com o apoio do Hezbollah libanês e da aviação russa, cujo envolvimento no conflito preocupa a Otan. Os soldados sírios recuperaram grande parte de uma colina estratégica, Jib Ahmar, no oeste da Síria, "com a ajuda do Hezbollah", anunciou à AFP uma fonte militar.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou este avanço realizado pelos militares e "milhares de milicianos das Forças de Defesa Nacional (FDN) treinados pelos russos e o Hezbollah". No nono dia de campanha aérea, o exército russo anunciou que bombardeou 27 "alvos terroristas" nas províncias sírias de Raqa, Homs e Hama, e destruiu depósitos de armas e esconderijos subterrâneos.

Aviões de ataque Su-25 e Su-24 bombardearam "onze setores onde se encontravam campos de treinamento de combatentes do (grupo) Estado Islâmico (EI) nas províncias de Hama e de Raqa", indicou o ministério russo da Defesa em um comunicado. A este respeito, o secretário americano da Defesa, Ashton Carter, declarou nesta quinta-feira que acredita que a Rússia "começará a sofrer perdas humanos nos próximos dias".

Carter está em Bruxelas para uma reunião de ministros da Defesa dos 28 países membros da Otan sobre as tensões que o apoio de Moscou ao regime de Bashar al-Assad gera, em especial pelas violações por aviões russos do espaço aéreo da Turquia, país membro da Aliança.

"Observamos uma escalada inquietante das atividades militares russas na Síria. Vamos analisar os últimos acontecimentos e suas implicações para a segurança da Aliança", declarou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ao chegar à reunião.

"A Otan é capaz e está pronta para defender todos os seus aliados, incluindo a Turquia, contra qualquer tipo de ameaça", declarou o secretário-geral da Aliança interrogado sobre a possível extensão após o fim do ano da mobilização das baterias antimísseis Patriot. A Otan mobilizou os Patriot na Turquia para prevenir qualquer extensão do conflito sírio ao território deste país.

Capacidade de combate reduzida
A Rússia afirmou na quarta-feira ter realizado ataques "sincronizados com as operações terrestres" do exército sírio, que tenta reconquistar os territórios tomados pelos grupos rebeldes e os jihadistas do Estado Islâmico (EI).

Mas os Estados Unidos afirmam que quase todos os bombardeios não eram contra o grupo EI nem contra o braço local da Al-Qaeda (Frente Al-Nosra), mas contra organizações armadas sírias da oposição, para consolidar o regime de Assad.

O general sírio Ali Abdullah Ayub afirmou que o exército havia lançado "uma vasta ofensiva visando esmagar os grupos terroristas e liberar as regiões e localidades que sofreram o terrorismo".



Segundo o general Ayub, "os bombardeios russos diminuíram a capacidade de combate do EI (a organização Estado Islâmico) e de outros grupos terroristas". Nos últimos meses o exército sírio havia sofrido vários revezes ante os grupos rebeldes.

Segundo o OSDH, os bombardeios russos ocorreram na província costeira de Latakia, reduto do regime, e em Hama, especialmente no setor de Sahl al-Ghab, uma planície da qual o exército sírio tenta desalojar uma coalizão de rebeldes islamitas e da Al-Qaeda.

Nesta mesma província os rebeldes derrubaram um helicóptero militar, segundo o OSDH, que não informa se a aeronave era síria ou russa nem o que ocorreu com seus ocupantes. "Estes bombardeios apoiam a nova ofensiva terrestre do regime", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

A intervenção militar russa na Síria gerou grandes tensões com a Turquia, país abertamente oposto a Bashar al-Assad e que sonha que um regime aliado o substitua para recuperar, assim, sua influência regional perdida.

Após os incidentes que envolveram aviões militares russos, considerados por Ancara como violações de seu espaço aéreo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, advertiu nesta quinta-feira que a Rússia não deve perder seus importantes interesses comerciais na Turquia em energia nuclear e gás natural.

"Somos o primeiro consumidor de gás natural russo. Perder a Turquia seria uma grande perda para a Rússia", lembrou o presidente turco.

A guerra na Síria deixou desde março de 2011 mais de 240.000 mortos e obrigou milhares de pessoas a fugir de seus lares, gerando uma grave crise humanitária e migratória.

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