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Líder diz que Coreia do Norte está 'preparada' para enfrentar EUA

Kim Il-Sung de Pyongyang pronunciou um discurso mais belicoso que o de costume durante desfile militar

Agência France-Presse
postado em 10/10/2015 10:56
A Coreia do Norte está preparada para enfrentar uma eventual ameaça dos Estados Unidos, afirmou neste sábado (10/10) o líder Kim Jong-Un, durante um espetacular desfile militar por ocasião do 70; aniversário do partido único.

Milhares de soldados marcharam em passo de ganso pela praça Kim Il-Sung de Pyongyang, seguidos por tanques, por outros veículos blindados e mísseis.

Com seu traje característico, o líder norte-coreano pronunciou um discurso mais belicoso que o de costume, afirmando que seu país está preparado para enfrentar qualquer ameaça procedente de Washington.

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"Hoje, nosso partido proclama com determinação que nossas forças armadas revolucionárias são capazes de enfrentar qualquer guerra provocada pelos Estados Unidos, e que estamos preparados para proteger nosso povo e o céu azul de nossa pátria", afirmou o líder norte-coreano.

O desfile era uma homenagem ao partido único de inspiração marxista-leninista que reina com três gerações de uma mesma família, considerada a única dinastia comunista da História.

"O Partido dos Trabalhadores da Coreia é um partido invencível que forma um todo com o povo", acrescentou o líder norte-coreano em um discurso de 30 minutos, interrompido por salvas de palmas de dezenas de milhares de pessoas.

Kim não poupou elogios aos norte-coreanos, classificando-os de fonte do milagre que permitiu que o país se transformasse em um "poderoso Estado socialista, independente e autônomo em matéria de defesa".

"Viva o partido invencível dos trabalhadores da Coreia", era a frase de uma bandeira presa na praça, que leva o nome do avô do líder da Coreia do Norte, um dos países mais fechados do mundo.

Os edifícios das imediações estavam adornados com bandeiras do partido comunista (uma foice e um martelo sobre um fundo vermelho) e com a norte-coreana (azul, branca e vermelha).

Um mar de cores lotava a praça, com homens e mulheres agitando bandeiras e flores, apesar do dia chuvoso.

Ao anoitecer, após o fim do desfile, os fogos de artifício lançados das margens do Taedong iluminaram o céu.

Na praça, a multidão agitou cartolinas coloridas formando mosaicos com as imagens das bandeiras do partido enquanto gritava o nome de Kim Jong-Un.


Armas nucleares



O número um norte-coreano havia prestado homenagem a sua linhagem ao se dirigir na sexta-feira à meia-noite ao palácio do Sol Kumsusan, transformado em mausoléu para seu pai e seu avô Kim Il-Sung, fundador da Coreia do Norte.

São provavelmente os festejos mais caros e luxuosos desde que Kim Jong-Un tomou as rédeas do poder após o falecimento de seu pai Kim Jong-Il, em 2011.

Na capital, as ruas estavam enfeitadas com pôsteres gigantes, bandeirolas vermelhas e bandeiras, algumas delas com os números 10/10, que representam o dia 10 de outubro, "data de nascimento" do Partido dos Trabalhadores.

Segundo os pesquisadores do Instituto americano-coreano da universidade John Hopkins, as imagens de satélite mostrando os preparativos do desfile, feitas quatro dias antes, já apontavam que seria um dos mais espetaculares da história norte-coreana.

Estes desfiles, ocasião na qual a Coreia do Norte abre as portas à imprensa estrangeira, cujos movimentos estão restritos, têm diversos objetivos.

Para o interior do país é uma demonstração de orgulho nacional e de fervor patriótico destinado a apoiar o líder supremo.

Para o exterior trata-se de demonstrar sua força e o pouco caso que faz do que o mundo pensa sobre seus programas nucleares e seus mísseis.

Pyongyang realizou três testes nucleares, em outubro de 2006, em maio de 2009 e em fevereiro de 2013, e ameaçou realizar outro no âmbito de um programa de armas nucleares e mísseis que o país prosseguiu, apesar das sanções internacionais.

Sinal do isolamento do país, o único líder estrangeiro presente nas festividades era Liu Yunshan, membro do governo da China, aliado de Pyongyang.

A China continua sendo o principal aliado de Pyongyang, mas as relações bilaterais ficaram mais tensas pela irritação de Pequim diante das provocações norte-coreanas, em particular com seu programa nuclear.

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