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Negociações começam com sentimento de urgência antes da cúpula do clima

O futuro acordo de Paris deve ser um ponto de viragem na luta para conter a emissão de gases do efeito estufa, principalmente relacionados à queima de combustíveis fósseis

Agência France-Presse
postado em 19/10/2015 12:13
A seis semanas para o início da conferência sobre o clima de Paris, os representantes de 195 países iniciaram nesta segunda-feira (19/10), com um "sentimento de urgência" e dissensões, uma última semana de negociações em vista de um acordo mundial para frear o aquecimento do planeta.

Na abertura desta última sessão em Bonn, sede da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Cnuccc), muitos países em desenvolvimento criticaram o novo texto que serve de base para as discussões, reafirmando sua confiança no processo e nos dois co-presidentes das discussões.

"O texto é extremamente desequilibrado", declarou na sessão de abertura a delegada sul-africana Nozipho Mxakato-Diseko, em nome do grupo G77 e da China, que reúne 134 países emergentes e em desenvolvimento. "O texto ignora completamente as propostas do grupo G77 sobre o financiamento", explicou à AFP Gurdial Singh Nijar, porta-voz de um dos subgrupos do G77.

A delegada sul-africana elogiou, no entanto, a atenção demonstrada pelos co-presidentes, o argelino Ahmed Djoghlaf e o americano Daniel Reifsnyder, que propuseram que os países fizessem adições ao texto antes que as negociações comecem realmente.

Dado o ritmo lento das negociações, os dois co-presidentes foram mandatados no início de setembro pelos países para propor um texto mais claro e conciso, reduzido de 80 para 20 páginas.

Falta de ambição
Laurence Tubiana, a negociadora francesa, reconheceu nesta segunda-feira em sessão plenária que faltava "ambição em todos os pontos" do texto. No entanto, ressaltou que "estamos aqui para corrigir os pontos fracos". "O tempo está correndo", disse ela, chamando todos a assumir responsabilidades para atingir o essencial, uma vez que as negociações climáticas desembocam muito frequentemente em debates processuais.



O futuro acordo de Paris deve ser um ponto de viragem na luta para conter a emissão de gases do efeito estufa, principalmente relacionados à queima de combustíveis fósseis. Deve também ter em conta as necessidades de adatação aos impactos do aquecimento.

Nesta fase, 150 Estados apresentaram à ONU sua "contribuição" para reduzir as emissões no período de 2025-2030 em vista da conferência de Paris, programada para acontecer de 30 de novembro a 11 de dezembro. Esta participação alegrou aqueles que promovem um acordo. Mas todas essas promessas ainda colocam a Terra em um trajeto de aquecimento de 2,7;C ou 3;C.

É melhor do que os 4 ou 5;C que se anunciam se nada for feito, mas muito distante da meta de 2;C para além do qual a ciência prevê um aumento dos eventos extremos e consequências irreversíveis para as espécies, oceanos e economias. Além disso, muitos países em desenvolvimento necessitam de um apoio financeiro e tecnológico para reduzir suas emissões e lidar com os impactos que já estão sendo sentidos.

Particularmente aguardada: a concretização da promessa, feita em 2009, de 100 bilhões de ajuda climática anual dos países do norte para os países do sul até 2020. Vários anúncios foram feitos recentemente, ante a ONU e na reunião financeira realizada em Lima, com extensões prometidas por instituições bancárias e países como a França e o Reino Unido.

Mas os países em desenvolvimento não querem apenas promessas, e sim um roteiro até 2020. Os dois maiores poluidores do mundo, China e Estados Unidos, concordaram sobre a necessidade de aumentar as ambições relacionadas com a redução dos gases.

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