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Macri afirma que pedirá suspensão da Venezuela do Mercosul

Como candidato, prometeu liberar o mercado de câmbios, estimular a iniciativa privada e reordenar o Estado

Agência France-Presse
postado em 23/11/2015 16:29

O presidente eleito da Argentina na noite do último domingo (22/11), Mauricio Macri, antecipou que pedirá a aplicação da cláusula democrática e a suspensão da Venezuela do Mercosul por ter presos políticos, em sua opinião. Macri citou a detenção do político Leopoldo López, cuja esposa, Lilian Tintori, celebrou a vitória do opositor argentino.

O dirigente pró-mercado de direita, prometeu nesta segunda-feira "governar para absolutamente todos" em um país polarizado depois de 12 anos de governos kirchnerista de centro-esquerda, enquanto os mercados financeiros receberam com otimismo o resultado.

"A ideia é governar para absolutamente todos, tivemos muitos anos de enfrentamentos, com o foco nas dissidências, mas é muito mais o que nos une do que o que nos separa", disse em sua primeira coletiva de imprensa após o resultado da votação de domingo.

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Macri venceu por menos de três pontos de diferença (51,40%) sobre o candidato do governo Daniel Scioli (48,40%60%), com 99,17% das mesas apuradas. O jornal de esquerda Página 12 intitulou: "Um presidente, dois países".

Como sinal de mudança de tom, Macri quis destacar que após sua vitória a presidente Kirchner o parabenizou.

"Disse que estava contente de termos tido a maior eleição da história da Argentina. Me desejou a maior das sortes e mandou um beijo para a minha mulher", contou, confirmando que os dois se reunirão na terça-feira à noite na residência presidencial. "Estaremos lá", garantiu.

Grande parte do Legislativo apoia a atual presidente Cristina Kirchner e Macri será obrigado a estabelecer alianças pelo menos até 2017, quando acontecerão eleições parlamentares.

A seu favor, o presidente eleito conta com a província de Buenos Aires, a de maior população, assim como três das cinco maiores províncias do país, que serão governadas por sua aliança de centro-direita ;Cambiemos;.

"Peço a Deus que me ilumine para poder ajudar cada argentino a encontrar sua forma de progredir. Eu estou aqui por vocês, assim peço, por favor, não me abandonem, sigamos juntos", disse Macri.

No dia 10 de dezembro, quando a presidente Cristina Kirchner entregar o poder, o país iniciará uma etapa inédita com um novo espaço político da direita.

Em quase um século, a Argentina não teve nenhum presidente eleito em votação livre e sem fraude que não fosse peronista ou ;radical; (social-democratas).

Em sua vida democrática, a Argentina apenas teve no poder a alternância entre o Partido Justicialista (PJ, peronista) e a UCR.

"Isto é história", disse Marcos Peña, chefe de campanha de Macri e um dos mentores do Pro (Propuesta Republicana), o partido do novo chefe de Estado, em meio aos aplausos dos simpatizantes ao vencedor da eleição.

Presidente e novos desafios


Macri, um engenheiro de 56 anos, que foi presidente do clube de futebol Boca Juniors, engenheiro de 56 anos, foi eleito para um mandato de quatro anos e na primeira metade do período será obrigado a estabelecer alianças no Congresso, onde o kirchnerismo tem maioria absoluta no Senado e é a primeira força na Câmara dos Deputados.

Como candidato, prometeu liberar o mercado de câmbios, estimular a iniciativa privada, reordenar o Estado, retomar vínculos abalados com as grandes potências desenvolvidas e resolver a questão da dívida em litígio judicial com fundos especulativos em Nova York.

Na sede da campanha de Macri o clima era de euforia com a vitória da aliança ;Cambiemos; (Mudemos), forjada com os radicais da UCR (social-democratas).

O presidente eleito vai suceder Cristina Kirchner, que governa o país desde 2007 e é viúva do falecido presidente Néstor Kirchner (2003-2007). A Argentina teve 12 anos de kirchnerismo no poder.

A presidente ligou para Macri para felicitá-lo e os dois concordaram com uma reunião na terça-feira na residência oficial de Olivos, segundo o canal C5N.

As comemorações dos simpatizantes de Macri chegaram ao tradicional Obelisco, no centro de Buenos Aires, enquanto poucos militantes kirchneristas permaneciam na Praça de Maio.

Nas redes sociais, a hashtag #Cambiemos dominou a noite de domingo, mas não apenas para celebrar a vitória e manifestar "esperanças".

"Os percentuais mostram um país fraturado. O ódio não é militância. Chegou o momento de que todos joguemos para o mesmo lado.#Cambiemos", escreveu no Twitter Victoriano Aizpurú, um reflexo de duas Argentinas que precisam de apenas um presidente.

Bom humor dos mercados

A bolsa e os bônus da Argentina subiram e o risco país caiu nesta segunda-feira após a vitória do liberal de direita Mauricio Macri nas eleições presidenciais de domingo.

Antes de começar a rodada de negócios o índice Merval da Bolsa de Comércio de Buenos Aires avançou 2,56% com 48 papéis em alta, um sem mudanças e nenhum em baixo.

As principais ações em alta eram siderúrgica Siderar (%2b5,33%) da petroleira estatal YPF (%2b5%) e do Banco Macro (%2b4,58%).

No mercado de títulos da dívida pública os aumentos eram de em média 3% enquanto o risco país caía a níveis similares aos registrados em 2011, segundo a imprensa especializada.

No mercado de câmbio oficial a moeda local era cotada a 9,68 pesos por dólar americano, dois centavos a mais do que na sexta-feira.

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