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Papa alerta que fracasso na COP21 teria 'consequências catastróficas'

"Seria, ouso dizer, catastrófico, se os interesses particulares prevalecerem sobre o bem comum", alertou Francisco

Agência France-Presse
postado em 26/11/2015 14:42
O papa Francisco advertiu nesta quinta-feira ante a ONU em Nairóbi que haverá "consequências catastróficas" se a conferência internacional sobre o clima, que começa no domingo em Paris, fracassar. "Seria, ouso dizer, catastrófico, se os interesses particulares prevalecerem sobre o bem comum", alertou Francisco, que falava às agências das Nações Unidas do meio ambiente (PNUMA) e moradia (UN-Habitat).

"Espero que a COP21 culmine com a conclusão de um acordo global e ;transformador; fundado nos princípios de solidariedade, justiça, igualdade e participação, e que orienta para a realização de três objetivos, ao mesmo tempo complexos e independentes: a atenuação do impacto das alterações climáticas, a luta contra a pobreza e o respeito pela dignidade humana", frisou.

Francisco falou a três dias da sessão de abertura da COP21 em Paris. "Ao falar para o mundo alguns dias antes da conferência de Paris, quando o futuro do planeta estará em jogo, Vossa Santidade lembra aos líderes mundiais, às autoridades econômicas e a todos os cidadãos que temos, cada um, não só a responsabilidade mas o dever de agir", declarou ao pontífice Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Além disso, o papa pediu que a comunidade internacional impeça o comércio ilegal - de diamantes e metais raros - que "alimentam a instabilidade política, o crime organizado e o terrorismo". "O comércio ilegal de diamantes e pedras preciosas, de metais raros ou valor estratégico, madeira e material biológico, bem como produtos de origem animal, como no tráfico de marfim (...) alimentam a instabilidade política, o crime organizado e o terrorismo. Esta situação é um grito dos homens e da terra que deve ser ouvido pela comunidade internacional", alertou o papa em seu discurso.



O texto desta quinta-feira retoma questões lançadas anteriormente na encíclica ;Laudato si;, publicada em junho, que incomodou certos governos e os setores industriais baseados no petróleo e no carvão. Francisco pediu à comunidade internacional para enfrentar com urgência sobre o tráfico ilegal de África: "o comércio ilegal de diamantes e pedras preciosas, metais raros e valor estratégico da madeira e de materiais biológicos e produtos de origem animal, como no comércio do marfim (...) abastecendo a instabilidade política, o crime organizado e o terrorismo".

Francisco também pediu aos países que protejam e "administrem de maneira responsável a bacia do Congo, que faz parte do pulmão de diversidade do planeta". O papa também evocou os imigrantes vítimas do aquecimento global, que não têm proteção jurídica: "o aumento no número de refugiados fugindo da miséria, intensificada pela degradação ambiental, é trágico. Os imigrantes não são reconhecidos como refugiados pelas convenções internacionais e levam o peso de suas vidas à deriva, sem qualquer proteção jurídica".

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