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Coalizão mira nos centros de poder do EI aproveitando seu recuo

Países que estão envolvidos na coalização, como Estados Unidos e França, se congratulam por estarem fazendo o Estado Islâmico perder terreno

Agência France-Presse
postado em 20/01/2016 16:46

A coalizão militar internacional que luta contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque quer aproveitar o "retrocesso" dos extremistas para suprimir seus "centros de poder em Raqa e Mossul", anunciaram Estados Unidos e França nesta quarta-feira (20/01) em Paris. Acusada pelos ocidentais de optar na Síria por uma "estratégia ruim", Moscou, grande ausente do encontro que reuniu em Paris sete países da coalizão, declarou-se "disposta" a uma coordenação "mais estreita" no plano humanitário durante um encontro bilateral Rússia-EUA na Suíça.

Ao fim da reunião, os ministros da Defesa dos países mais envolvidos na coalizão (Estados Unidos, França, Reino Unido, Austrália, Alemanha, Itália e Holanda) se congratularam por estarem fazendo o EI perder terreno e por terem afetado suas fontes de renda. "É o momento de aumentar nossos esforços coletivos", declarou o ministro francês Jean-Yves Le Drian em coletiva de imprensa conjunta com seu homólogo americano.

O secretário de Defesa norte-americano, Ashton Carter, detalhou os três principais objetivos da coalizão: "Destruir o câncer do EI suprimindo seus centros de poder em Raqa e Mossul, lutar contra as metástases desse tumor no mundo, proteger as populações de nossos países". Nessa perspectiva, Estados Unidos e França pediram novamente à Rússia que concentre seus bombardeios nas instalações do EI e que pare de atacar os grupos da oposição armada na Síria.

As potências ocidentais acusam a Rússia, que intervém na Síria em apoio ao regime do presidente Bashar al Assad, de dirigir seus ataques principalmente contra a rebelião síria que poderia participar em uma solução negociada do conflito. "Os russos estão em uma posição estratégica ruim", disse Carter, acrescentando que "até que isso mude, não há base comum suficiente para uma cooperação com eles sobre o problema sírio".

A proposta de uma grande coalizão única contra o EI, feita pela França no ano passado, foi descartada, embora Paris e Moscou tenham retomado diálogo sobre os aspectos militares dos bombardeios. As discussões previstas para 25 de janeiro em Genebra a fim de chegar-se a uma solução política na Síria se anunciam árduas pelo desacordo sobre a composição da delegação da oposição.

Após reunir-se em Zurique com seu homólogo norte-americano John Kerry, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, deu provas de boa vontade ao afirmar que "o processo diplomático começará logo". Segundo ele, a Rússia está "disposta" a uma coordenação "mais estreita" com a coalizão dirigida pelos Estados Unidos a fim de garantir a segurança das entregas de ajuda humanitária na Síria. Os Estados Unidos convidaram os ministros da defesa dos 26 países que integram a coalizão para uma reunião em Bruxelas "dentro de três semanas". O ministro iraniano das Relações Exteriores, Javad Zarif, declarou de Davos que "não há solução militar para a crise síria" e "precisa-se de uma solução política".

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Empreendida em agosto de 2014, a campanha aérea conseguiu recentemente os primeiros retrocessos do EI em Kobane (Síria), Sinjar e Ramadi (Iraque). A organização continua recrutando combatentes estrangeiros e lançou no último sábado uma ofensiva na cidade síria de Deir Ezor (leste).

Os bombardeios foram intensificados no Iraque e na Síria desde os atentados de 13 de novembro em Paris, em particular contra as instalações de produção de petróleo, cujo tráfico é um dos principais recursos do EI. Os Estados Unidos querem convencer os países da coalizão, sobretudo os do Golfo, a contribuir mais com esse combate. Segundo Carter, a coalizão precisa de meios de reconhecimentos aéreos, forças especiais, meios de transporte e de logística.

A reunião abordou também a situação na Líbia, onde o EI ganha terreno aproveitando o caos político que reina no país. Na terça-feira (19/01) foi formado na Líbia um governo de coalizão. Os participantes na reunião se congratularam por esse avanço político. Com o tempo, eles poderão se apoiar na legitimidade desse novo governo para estender ao território líbio suas operações contra o EI.

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