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Rebelo de Sousa é eleito presidente de Portugal no 1º turno

Candidato do partido Social-Democrata venceu com mais de 50% dos votos

Agência France-Presse
postado em 24/01/2016 20:16

O conservador Marcelo Rebelo de Sousa, de 67 anos, do Partido Social-Democrata (PSD), foi eleito presidente de Portugal no primeiro turno, neste domingo - de acordo com resultados oficiais após a apuração de mais de 97% das urnas.


Esse professor de Direito Constitucional e famoso comentarista de televisão teria obtido pelo menos 52,78% dos votos, uma ampla vantagem em relação a seu oponente mais próximo, o independente de esquerda António Sampaio da Novoa, com 22,17%.

Marisa Matias, a candidata do Bloco de Esquerda, próximo ao grego Syriza e ao espanhol Podemos, surpreendeu ao aparecer em terceiro, com 10% dos votos, à frente da ex-ministra socialista Maria de Belém Roseira (4,27%) e do candidato comunista Edgar Silva (3,87%).

No total, dez candidatos estão na disputa, um número recorde para eleições presidenciais em Portugal.

"Votei no professor Marcelo. Depois de vê-lo tantos anos na televisão, conheço suas ideias políticas", afirma o aposentado Mario Machado, de 72 anos, depois de votar, em Lisboa.

Para o contador José Nascimento, de 57 anos, que votou em uma candidata da esquerda, "Marcelo é uma personalidade do mundo do espetáculo, que promete tudo para todo o mundo".

Rebelo de Sousa, que tem grande popularidade além da esfera política graças a sua carreira de comentarista na televisão, realizou uma campanha personalista, sem cartazes, ou panfletos, privilegiando o contato direto com os eleitores.

[SAIBAMAIS]Para o cientista político José Antonio Passos Palmeira, ele "é um candidato de consenso com um discurso moderado, que capta votos entre a direita e a esquerda".

A abstenção recuou ligeiramente, chegando a 52,1%, um pouco abaixo do recorde de 53,48% registrado na última eleição à presidência, em 2011. Quase 9,7 milhões de portugueses eram esperados nas urnas neste domingo.

Papel de árbitro

Marcelo Rebelo de Sousa tem o apoio oficial dos dois partidos de direita, PSD e CDS, mas se distanciou de ambos, associados às impopulares políticas de austeridade da legislatura anterior.

"Não serei o presidente de nenhum partido", prometeu, declarando que deseja ser "um árbitro acima das confusões".

Rebelo de Sousa é bastante diferente do atual presidente, Aníbal Cavaco Silva, que, aos 76 anos, chega ao fim do segundo mandato consecutivo.

Ao contrário de Cavaco Silva, o "professor Marcelo" se mostra bastante conciliador com o governo de esquerda liderado por António Costa, seu ex-aluno na Faculdade de Direito de Lisboa.

Se for eleito, acredita o cientista político António Costa Pinto, "Marcelo não será um inimigo político do governo socialista".

Em Portugal, embora o chefe de Estado não tenha poder Executivo, exercendo funções basicamente honorárias, ele dispõe de uma prerrogativa: a de dissolver o Parlamento. Esse é um instrumento importante em uma campanha de baixa mobilização popular.

Para analistas políticos consultados pela AFP, Rebelo de Sousa teria intenção de fazer uso dessa ferramenta apenas no caso de uma ruptura na inédita aliança da esquerda. O arranjo surgiu depois das eleições legislativas de 4 de outubro passado. No pleito, a coalizão de direita venceu, mas não obteve maioria absoluta.

O futuro presidente prestará juramento em 9 de março. De acordo com a Constituição, ele poderá usar sua prerrogativa de dissolução do Parlamento somente a partir de abril, seis meses depois das eleições legislativas de outubro.

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