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Dados de satélites indicam que Coreia do Norte começa a abastecer foguete

A Coreia do Norte afirma que seu programa espacial tem objetivos puramente científicos, mas Washington e seus aliados - como a Coreia do Sul - dizem que se trata de um teste no sentido de desenvolver um míssil balístico intercontinental capaz atingir os Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 05/02/2016 09:49
Tóquio, Japão - Dados de satélites americanos indicam que a Coreia do Norte começou a abastecer seu foguete, que deve ser lançado ainda este mês, apesar da preocupação da comunidade internacional, indica nesta sexta-feira um jornal japonês.

"A Coreia do Norte vai terminar os preparativos do lançamento nos próximos dias", afirmou ao Asahi Shimbun uma fonte do departamento americano de Defesa.

Pyongyang anunciou o lançamento de um foguete, carregado com um satélite, entre 8 e 25 de fevereiro, período que inclui o dia 16, aniversário do falecido dirigente Kim Jong-Il, pai do atual líder Kim Jong-Un.

A Coreia do Norte afirma que seu programa espacial tem objetivos puramente científicos, mas Washington e seus aliados - como a Coreia do Sul - dizem que se trata de um teste no sentido de desenvolver um míssil balístico intercontinental capaz atingir os Estados Unidos.

Até a China expressou na quarta-feira sua profunda inquietação sobre os planos da Coreia do Norte de lançar o foguete.

"Expressamos nossa profunda inquietação a respeito", disse Lu Kang, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, principal aliado da Coreia do Norte.

Pyongyang informou na terça a três agências da ONU que lançará um foguete para colocar um satélite em órbita entre 8 e 25 de fevereiro.

O anúncio da Coreia do Norte ocorre num momento em que as Nações Unidas preparam uma resolução para endurecer as sanções contra a Coreia do Norte, após o anúncio de que havia realizado em 6 de janeiro passado seu quarto teste de uma bomba nuclear.

Um lançamento deste tipo teria "consequências reais" e seria "um argumento mais forte em favor de uma ação do Conselho de Segurança das Nações Unidas", declarou o secretário de Estado americano adjunto para a Ásia, Danny Russel, afirmando que isso pode se traduzir em "duras sanções suplementares".

O governo também japonês reagiu com dureza. "Se a Coreia do Norte se obstinar a realizar este lançamento, será uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e uma séria provocação", disse o primeiro-ministro Shinzo Abe ante o Parlamento.

O ministério japonês da Defesa emitiu posteriormente uma ordem para destruir o míssil "se ficar confirmado que cairá sobre o território japonês".

O governo da Coreia do Sul, por sua vez, em uma declaração oficial havia convocado a Coreia do Norte a renunciar ao projeto, argumentando que "todo lançamento utilizando tecnologia balística é uma violação das resoluções da ONU".

As especulações na comunidade internacional sobre este lançamento foram crescendo nas últimas semanas devido às imagens de satélite que mostram um aumento da atividade na estação de lançamento de Sohae.

Desde o início de 2013, a Coreia do Norte aumentou as capacidades da base de Sohae, que agora pode lançar foguetes a uma distância maior e com cargas mais pesadas.

Mas a maioria dos especialistas acredita que Pyongyang ainda está longe de alcançar a capacidade de enviar mísseis balísticos intercontinentais.

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