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Papa Francisco vai celebrar 'igreja indígena' em visita ao México

Os desafios sempre têm influenciado as relações da Igreja com as comunidades indígenas, que durante séculos lutou para manter suas tradições e independência

Agência Estado
postado em 07/02/2016 20:55
Os desafios sempre têm influenciado as relações da Igreja com as comunidades indígenas, que durante séculos lutou para manter suas tradições e independência

A visita do papa Francisco ao estado mexicano de Chiapas parece destinada a celebrar a "Igreja indígena" da região, uma mescla de catolicismo e cultura indígena que no passado o Vaticano considerou uma distorção da liturgia tradicional.

A inclusão de ramos de pinheiro e ovos, a referência maia ao "Deus Pai e Mãe" e o uso de elementos indígenas nas missas costuma causar incômodo entre as autoridade eclesiásticas.

No entanto, não ocorre tal situação com o primeiro papa latino-americano da história. De acordo com o Vaticano, Francisco vai baixar um decreto em 15 de fevereiro, dia da visita do pontífice a San Cristóbal de Las Casas, autorizando o uso de línguas indígenas nas missas. As cerimônias em Chiapas vão incluir leituras e canções em três línguas locais.

[SAIBAMAIS]"Dentro da Igreja sempre tem havido erros", admitiu o bispo de San Cristóbal, Felipe Arizmendi. "Por isso, reconhecemos que muitas vezes não temos dado o lugar merecido aos indígenas."

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A visita papal terá lugar em meio a enérgicos questionamentos à Igreja de Chiapas e ao grande avanço de protestantes nas regiões pobres do estado, que tem o maior índice de pobreza do México (76,2%).

Os desafios sempre têm influenciado as relações da Igreja com as comunidades indígenas, que durante séculos lutou para manter suas tradições e independência. As práticas religiosas em algumas comunidades estimulam o abuso do álcool e reverenciam os caciques indígenas.

A aceitação de Francisco de pelo menos algumas versões indígenas de catolicismo em Chiapas é coerente para um pontífice que não tem se abstido de honrar causas outrora marginalizadas pelas autoridades do Vaticano. Além disso, mostra a disposição do papa em sua "opção preferencial pelos pobres".

Durante suas visita à Bolívia, no ano passado, Francisco orou no lugar em que um jesuíta da teologia da libertação foi torturado e assassinado por paramilitares.

Em Chiapas, Francisco visitará a diocese de San Cristóbal, lugar de dois dos mais conhecidos defensores dos indígenas na história mexicana: o bispo Bartolomé de las Casas, que fez seu trabalho no século 16, e Samuel Ruiz, que morreu em 2011. Fonte: Associated Press.

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