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Viral na web, coreografia hip-hop de ginasta ficaria em 81º nas Olimpíadas

Vídeo da americana Sophina DeJesus, se apresentando no solo com uma coreografia divertida, já rendeu 27 milhões de visualizações. Ao Correio, árbitros explicam por que, se fosse numa competição de alto nível, a dança da atleta não adiantaria de (quase) nada

postado em 11/02/2016 20:36
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Não bastaram acrobacias bem executadas no tablado. Para ganhar milhares de compartilhamentos nas redes sociais, a ginasta Sophina DeJesus teve que mostrar um molejo digno de estrela musical. Veterana da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), a atleta conquistou a internet ao levar o hip-hop para uma apresentação de solo no último final de semana. Avaliada com 9.925 depois da performance, a ginasta conquistou a maior pontuação da carreira.

Os números altos não ficaram só no placar. Os saltos cravados garantiram a excelente nota, mas foram os movimentos requebrados entre os pulos que renderam a Sophina mais de 400 mil compartilhamentos no Facebook. Os passos inesperados, ao melhor estilo Beyoncé, já foram vistos por mais de 27 milhões de pessoas.

O reconhecimento que a dança trouxe no mundo digital, contudo, dificilmente seria o mesmo na busca por uma medalha olímpica. ;A apresentação beira o antiestético por causa do requebrado teatral e não tem nível de acrobacia para ir a um mundial;, explica a árbitra internacional de ginástica artística, Rossana Benck. Apesar de agitar o público, o valor competitivo do que Sophina apresentou é baixo. ;A prova não tem dificuldade nenhuma. Mesmo cravando os saltos, não tem boa execução;, diz Benck. Se Sophina DeJesus estivesse em uma competição de nível internacional, segundo Rossana Benck, não tiraria mais que 11,900 pontos. Na última edição dos Jogos Olímpicos, a moça ficaria com o penúltimo lugar entre as 82 atletas de solo. A pontuação máxima alcançada na prova foi de 15,600.

Para o que o esporte universitário pede, a jovem se superou. ;A nota é coerente com o contexto dela, mas para chegar a concorrer a uma final de solo, seria necessário elevar o grau de dificuldade da série;, afirma o árbitro da Confederação Brasileira de Ginástica, Cássio Akahoshi.

A ginástica universitária utiliza um tipo de contagem própria, com 10 como nota máxima. Na pontuação adotada pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) desde 2005, o "10" foi extinto. Depois de uma confusão nas Olimpíadas de Atenas, quando o sul-coreano Yang Tae-Young deixou de ganhar o ouro por um erro na contagem, a FIG decidiu que a nota final seria composta por duas parciais. Nas regras atuais, não existe limite de pontos ; ou seja, ninguém mais pode repetir o feito da romena Nádia Comaneci, que cravou um 10 nos Jogos de Montreal, em 1976 ;, mas um escore entre 15 e 17 é considerado o topo.

No caso da atleta americana, o brilho está na coreografia. Em uma competição regulada, a parte artística não tem tanto valor. ;A parte coreográfica não acrescenta pontos à nota final;, aponta Akahoshi. Mas as mudanças nas regras têm privilegiado quem se solta na prova. ;Nos últimos três códigos, o valor do artístico têm subido. A nota pode variar em até um ponto;, completa Benck.

Com atitude típica de cantora de rap, Sophina lembra como foi à procura da batida perfeita. ;Queria terminar meu último ano em grande estilo, então fui à aula de um coreógrafo em San Diego. Depois, pedi ajuda para minha irmã, para decidir os movimentos;, contou a atleta em entrevista a veículos americanos. Se não subiria ao pódio olímpico, na competição universitária a jovem foi responsável pela vitória da equipe da UCLA, diante do time de Utah, por uma diferença de apenas 0.025 ponto.

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