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Turquia e Arábia Saudita se unem para operação terrestre na Síria

De acordo com o chanceler turco, os sauditas disseram que "se for necessário, também podem enviar tropas"

Agência France-Presse
postado em 13/02/2016 12:04
Turquia e Arábia Saudita podem lançar uma operação terrestre contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, e o reino wahabita também enviará aviões de guerra a partir de uma base turca para lutar contra os extremistas - anunciou neste sábado o ministro das Relações Exteriores turco.

"Se houver uma estratégia (contra o EI), então Turquia e Arábia Saudita podem entrar em uma operação terrestre", disse o chanceler turco Mevlut Cavusoglu, citado pelos jornais Yeni Safak e Haberturk, após participar da Conferência de Segurança de Munique.

O chanceler acrescentou que "a Arábia Saudita também enviará aviões para a Turquia", na base de Incirlik.

Ele explicou que diversas autoridades sauditas visitaram a base e fizeram um "reconhecimento". "No momento, não está claro quantos aviões virão".

[SAIBAMAIS] Incirlik já serve para a coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Desta base operam aviões britânicos, franceses e norte-americanos para atacar alvos do EI na Síria.

De acordo com o chanceler turco, os sauditas disseram que "se for necessário, também podem enviar tropas".

"A Arábia Saudita está mostrando uma grande determinação para lutar contra o terrorismo na Síria", garantiu.

Tanto Riade e quanto Ancara consideram que a saída do presidente sírio, Bashar al-Assad, é essencial para acabar com a guerra civil de cinco anos no país. Nesse sentido, também não deixam de criticar o apoio do Irã e da Rússia ao regime sírio.

Perguntado se a Arábia Saudita poderia enviar tropas para atravessar a fronteira com a Turquia para a Síria, Cavusoglu respondeu: "Isso é algo que pode ser desejado, mas não há nenhum plano. A Arábia Saudita enviará aviões e disse que ;se chegar o momento de uma operação terrestre, então poderíamos enviar tropas;".

Uma relação que vai além
O chanceler fez estes comentários depois que o líder sírio disse em entrevista à AFP que quer reconquistar toda a Síria e seguirá "lutando contra o terrorismo", termo que na linguagem do regime designa toda a oposição armada.

O próprio al-Assad disse não descartar que Ancara e Riade se lancem numa intervenção militar na Síria, embora neste caso tenha garantido que suas forças armadas "enfrentariam".

As relações entre a Turquia e a Arábia Saudita têm se intensificado nos últimos meses, depois de terem sido prejudicadas quando Riade apoiou o golpe de Estado de 2013 contra o presidente egípcio, Mohamed Mursi, aliado de Ancara.

Turquia e Arábia Saudita apoiam rebeldes que lutam para derrubar Assad. Ambos países temem agora que as potências ocidentais estejam perdendo a vontade de retirar o presidente sírio do poder, dizendo que é "um mal menor" diante do Estado islâmico.

As potências mundiais anunciaram na sexta-feira um plano para parar as hostilidades na Síria na próxima semana, embora ainda hajam muitas dúvidas sobre sua viabilidade, já que isso não inclui o EI nem o braço local da Al-Qaeda.

O Grupo Internacional de Apoio à Sória, integrado por 17 países, entre eles Turquia e Arábia Saudita, concordou também com a entrega imediata de ajuda humanitária.

De Munique, onde está participando da conferência anual de segurança, o secretário de Estado americano, John Kerry, criticou que a maioria dos ataques aéreos russos na Síria são dirigidos a "grupos opositores legítimos" e não contra o Estado Islâmico.

Por isso, disse Kerry, "é crucial que a Rússia mude de alvos" em sua campanha aérea.

Em terra, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) disse neste sábado que um total de 76 soldados e milicianos do governo morreram no último domingo na Síria em uma emboscada por rebeldes perto de Damasco., no bastião rebelde da Guta Oriental.

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